20.3.06

Decapitado(a)s???

Uma profissão que não participa torna-se invisível. Pode mesmo correr riscos de ficar decapitada. A quem queremos nós entregar a cabeça numa bandeja? Não opinar, não manifestar, não participar, não assumir... é aguardar que os outros (outras profissões, outros domínios, outros poderes) o façam por nós. Escolham a quem entregar a vossa cabeça! Têm diversas opções. Eu jamais o farei. Cá continuo à espera que digam algo, para que a discussão possa acontecer! (A imagem é do Joel-Peter Witkin)

30 comentários:

Anónimo disse...

Decapitada não quero ficar... seria então a castração total do pensamento.
Muitas vezes intitulada de "senhora da assistência" pelos utentes ou pelos colegas que me pedem uma abordagem..."arranja um trabalhinho ao rapaz...". Também não me calo nem me impeço de pensar.
Gostaria que este blog fosse um espaço de reflexão, mas acima de tudo um começo para a construção de uma identidade profissional que nos possamos sentir confortáveis.
Parabéns ao espaço e... vamos insistir , insistir (contrário de desistir e que implica existir)
marta

S Guadalupe disse...

Oh Marta, pela minha parte faço o que é possível. Eu própria não sou um exemplo acabado de uma assistente social "clássica" (o que isto será???). As minhas referências estão em permanente construção e estou aberta a tudo o que me parece interessante, venha de onde vier... Fartei-me de pregar nos corredores e salas de aula, agora estou por aqui. Amplificar a audiência é o objectivo. Temo efectivamente que sem isto e muitas outras formas de nos fazermos ouvir, que a profissão fique subsidiária de outras que têm conseguido maior visibilidade social. A subalternidade de assistentes sociais que têm um imenso medo em dizer ao seu patronato que "não" é um campo minado e decapita a profissão. Acredito que sejas uma que quer permanecer com cabeça e erguida. O que conheço dela vale apena! Conto contigo aqui e onde estiveres..

Anónimo disse...

Bom, antes de mais nada, saludar o espírito corajoso da autora do blogue,depois começar a tecer ....

Profundamente optimista na minha vida profissional, os últimos acontecimentos (leia-se processo de bolonnha, taxa avolumada de desemprego profissional, falta de brio das organizações da classe ) levam a questionar seriamente um assunto que considero para reflectir calmamente: O verdadeiro PODER dos profissionais de Serviço Social.

1.- Existindo uma vintena de escolas de Serviço Social que mudaram o panorama da classe na última década e um aumento progressivo da massa de estudantes;

2.- Os assistentes sociais alteraram significativamente o perfil do seu mundo laboral, com intervenções mais qualificadas e ao incursionar na investigação social produzindo conhecimento ( traduzidos em teses, estudos, modelos de intervenção, ensaios,etc.

Pergunto :

a.- Os profissionais, os assistentes sociais que exercem a docência ou que estão ligados a "projectos" pedagógicos de reprodução da profissão, "mandam" nas "suas"escolas ?

b.- Conseguem fazer sentir o seu poder na determinação e na economia dos programas e nos conteúdos que leccionam, e concretamente sobre bolonha, tiveram espaço para defender planos consequentes com umalógica não mercantil ?

c.- Com o Processo de Bolonha,será que a lógica da gestão administrativa ou financeira do mercado universitário capturou a mais-valia profissional dos Assistentes Sociais ?

d.- Os Assistentes foram despojados ou desalojados das suas proprias escolas de Serviço Social e quem manda nas escolas são interesses alheios à profissão ?

e.- Os profissionais têm feito boa utilização das suas organizações para se defender do desemprego ? ou dos empregos precários, acentuado durante os últimos anos de governação ?

f.- sendo uma classe que lida com o "social" tem-se defendido perante as políticas sociais contrárias à sua condição e à condição dos seus clientes ?

g.- que alianças têm construido com o resto dos trabalhadores ?

Bom.... para inicio de uma primeira tentação de um debate, deixo neste blogue algumas questões que me preocupam.

alfredo henríquez

S Guadalupe disse...

Agradecendo a sistematização do prof alfredo e o reforço de identity, faz-me pensar que há caminhos traçados que precisam de ser reforçados e tornar-se visíveis. O AS tem PODER, circunscrito por agora ao seu exercício profissional. O problema não está no poder, mas na forma como ele se exerce e se manifesta, e isso depende de inúmeros factores. Desde logo, na formação. O facto de haver tantas escolas novas(surgidas certamente com objectivos mercantis e afins) diz-me que a importância da profissão é reconhecidamente crescente. No entanto, serão verdadeiramente "Escolas"? Não me parece. São cursos! Mas cursar um curso apreendendo métodos e técnicas e não construindo uma postura crítica que permita a construção de uma identidade, não é nada. Há duas Escolas de Serviço Social em Portugal, arriscando asneiradas, pois afirmo-o empiricamente sem qualquer sustentação. Uma defende uma linha mais tecnicista e outra uma linha de construção de conhecimento que não esquece a primeira como fazendo parte das necessidades formativas de base. A linha mais crítica desafia e potencia posicionamentos que acredito, virão a ter frutos. Esses frutos serão uma organização da classe efectiva e dinâmica que consiga constitui-se como poder representativo e como grupo de pressão. Quando as pessoas perceberem que com AS mais fortes poderão ter políticas sociais mais justas, menos injustiça social e menos exclusão (esta é a minha vertente bem optimista), talvez a mensagem passe. A regulação da classe é também fundamental, a sua defesa igualmente (os AS nas IPSS estão à mercê de poderes... enfim...). O processo de bolonha denunciou muito do que já era por nós conhecido, mas tenho esperança que a qualidade por este lado não quebrará. A formação pós-graduada em SS tem sido também uma dificuldade que fragiliza. Mea culpa: sou mestre em família e sistemas sociais e doutoranda em saúde mental. Mas sou AS. E vou sendo. Tenhamos esperança.

Anónimo disse...

Olá
Fiquei a saber deste blogue por interposta pessoa, mas desde já queria deixar os meus parabéns pela iniciativa.
Devo começar por dizer que não sou assistente social, mas que, no entanto, tenho algum conhecimento sobre a área. Os temas que tenho visto aqui esboçados são, para muita gente, absolutamente centrais nesta área profissional. Para mim são absolutamente acessórios. Basta imaginar um engenheiro a pensar como é que a sociedade o vê, como é que ele próprio se vê quando se olha no espelho, quais os seus papeis, reais, percepcionados, negociados, atribuídos, co-construídos, descontruídos, enfim…
As discussões são muito interessantes, e podem mesmo tornar-se viciantes. Tão viciantes que, às vezes, na falta de objecto, se começa a discutir o próprio acto de discutir. O que me parece é que nas postagens e nos comentários aqui no blogue, se está a assistir a um movimento de promoção da discussão. Eu vou furar o movimento e promover um tema.
Ponto 1: Não me parece adequado que se reduza a Habilitação Profissional à Formação Académica, isto é, que para ser Técnico Superior de Serviço Social, baste ter uma licenciatura em Serviço Social.
Ponto 2: Do que vou vendo nos contextos que conheço – e que não são tão poucos como isso – as funções do TSSS podem ser – e são – desempenhadas, à vez, por licenciados em Serviço Social, Psicologia, Sociologia, Educação Social, e outros.
Ponto 3: Defendo, portanto, que a carreira de Técnico Superior de Serviço Social seja aberta a todos os licenciados em Ciências Sociais e Humanas que demonstrem o domínio das competências necessárias para as funções a desempenhar – e isto é muito fácil fazer tendo em conta o 2º ciclo de Bolonha.
Ponto 4: Defendo a avaliação das competências dos Técnicos Superiores de Serviço Social em funções, seleccionados e contratados com base no argumento falacioso da capacitação profissional de uma formação académica, e afastamento de todos que não possuam as competências necessárias.
Sei que me vão chamar nomes. Gostaria também que me dessem argumentos, não corporativos, e que, no seu cerne, vão além dos clássicos: “Porque sim!” e “Porque não!”.
Até breve, e entretanto, vou andando por aí…
Pedro

Anónimo disse...

oi Pedro , não sou absolutamente nada corporativista nem sindicalista, e não consigo conceber o meu trabalho sem ser inserido numa equipe. não me incomoda absolutamente nada passar por um qq exame de competências, assim como considero essencial q outros técnicos o façam. Acima de tudo acredito quue quem trabalha essencialmente "na relação" e com o sofrimento do outro, acredito que todos deveriam tratar a sua própria cuca!
Acima de tudo o dito serviço social está a mudar, talvez possa ser co- construida uma nova consciência e imagem...

Anónimo disse...

desculpem a pobre escrita.

S Guadalupe disse...

Pedro, agradeço uma visão "de fora", não vou chamar nomes nem bater, fica descansado! O blog teve estar direcção para provocar discussão propositadamente. Foi assim que decidi lançar os dados. Do que leio e das tuas propostas, tenho a dizer que fico lisonjeada por saber que a carreira é sedutora para outras formações, mas a existência de carreiras significa, por definição, a necessidade de habilitações específicas. Portanto, há que tê-las! Apesar de ser terapeuta familiar não me sinto capaz de exercer funções da carreira de psicologia, só para dar-te um exemplo. O domínio das ciências sociais é profícua em equívocos. Para falar nas fronteiras e linhas de distinção entre os profissionais que enunciaste como tendo competências para ser AS estaría aqui demasiado tempo e não irei fazê-lo. Irás percebendo se nos visitares regularmente. Já pensaste em agrupar os das ciências da saúde e colocar enfermeiros a fazer cirurgias, etc etc? Há especificidades que se adquirem, aí concordo contigo, com formação! Mas ela tem de existir. As competências são outra conversa. Há profissionais competentes e incompetentes em todas as profissões, a sua avaliação generalizada seria muto desejável,nomeadamente nalgumas áreas. Não vejo que avaliar as competências dos AS seja uma prioridade nacional. A luta que pareces querer encetar pela defesa de uma relação não linear entre habilitação e competência para o execício profissional parece-me interessante, não sou defensora de "canteiros", mas seria apenas para tal área??? Porquê??? Ah, e digo mais, apesar de parecer mal, o corporativismo (não cego!) por vezes é necessário!

Anónimo disse...

Olá novamente. Parece que vou mesmo andar por aqui... Releio a resposta das 9:13 PM: "a existência de carreiras significa, por definição, a necessidade de habilitações específicas". Pareço uma criança, mas porquê? Porque sim?
"Apesar de ser terapeuta familiar, não me sinto capaz de exercer funções da carreira de psicologia". Mas que carreira é essa? E porque não?
"Já pensaste em agrupar os das ciências da saúde e colocar enfermeiros a fazer cirurgias?". E tu, já pensaste num médico a fazer um penso? Não choca pois não? E um enfermeiro prescrever um antipirético, um ansiolítico, um antiespasmódico, numa situação aguda? E já agora, drenar uma ferida, coser uma laceração, conta como cirurgia, ou não?
"Há especificidades que se adquirem...com formação". Evidentemente, é esta uma das chaves. Vou deixá-la para o fim.
Deixa-me só esclarecer um equívoco, decorrente da linguística. Parece que confundiste competência com competências, o que é habitual no nosso país, pois somos parcos em palavras. Não falo de "competence" mas de "skills". Evidentemente, é da concretização dos "skills" que se pode avaliar a "competence". Parece-me, no entanto, que antes de falar deste último aspecto, é necessário ver se os técnicos (em geral, agora) dominam as "skills" necessários às suas funções. Quais são eles? Não sei. Não sei porque me parece que vocês, como tantos outros, se têm preocupado mais com as discussões teóricas - em que cada definição diz mais de quem a faz do que apresenta algum consenso teórico - que se têm esquecido dos aspectos práticos.
Algumas notas relativas às questões de formação. Tens razão quando dizes que a formação é necessária. Um exemplo. Na página do Departamento do Trabalho do Governo norte americano relativa à profissão "Social Worker" é afirmado o seguinte:
A bachelor’s degree in social work (BSW) degree is the most common minimum requirement to qualify for a job as a social worker; however, majors in psychology, sociology, and related fields may qualify for some entry-level jobs, especially in small community agencies. Although a bachelor’s degree is sufficient for entry into the field, an advanced degree has become the standard for many positions. A master’s degree in social work (MSW) is typically required for positions in health settings and is required for clinical work as well. Some jobs in public and private agencies also may require an advanced degree, such as a master’s degree in social services policy or administration. Supervisory, administrative, and staff training positions usually require an advanced degree. College and university teaching positions and most research appointments normally require a doctorate in social work (DSW or Ph.D.).
(…)
Master’s degree programs prepare graduates for work in their chosen field of concentration and continue to develop the skills required to perform clinical assessments, manage large caseloads, take on supervisory roles, and explore new ways of drawing upon social services to meet the needs of clients. Master’s programs last 2 years and include a minimum of 900 hours of supervised field instruction, or internship. A part-time program may take 4 years. Entry into a master’s program does not require a bachelor’s degree in social work, but courses in psychology, biology, sociology, economics, political science, and social work are recommended. In addition, a second language can be very helpful. Most master’s programs offer advanced standing for those with a bachelor’s degree from an accredited social work program.
Parece-me claro, qualquer pessoa se pode estabelecer como Social Worker, desde que faça a formação necessária às funções que vai desempenhar. Não é um simples bacharel em Serviço Social que vai participar na definição de políticas sociais, fazer avaliações clínicas, etc. Nisso, não é diferente de um qualquer bacharel em Psicologia, Sociologia, ou Inglês (pasme-se). É evidente que funções mais complexas necessitam de formação mais aprofundada. E aqui está a chave do problema, pois, tanto quanto sei, aqui "one size fits all".
Ou muito me engano, ou vocês, assistentes sociais, ainda vão ver muita gente passar à vossa frente, se não tiverem o cuidado de agarrar bem o conceito de 2º ciclo de Bolonha. Ou então funciona o vosso corporativismo, e o vosso lobby continua a lutar pela perenidade do vosso estatuto, à custa de todos nós.
Para não me banirem deste blogue, deixo-vos dois links (espero que funcionem) que vos podem ajudar a iluminar o caminho:
http://www.cswe.org/accreditation/EPAS%20Revised%2010-04.pdf
http://www.cswe.org/accreditation/COA%20Assessment%20Document%20Revised%2010-19-2005%20sh.pdf
Até breve
Pedro

Anónimo disse...

Pedro,
a comparação com a profissão de engenheiro é perfeitamente desajustada. Engenheiros civis e arquitectos discutem , em sede própria (Ordens)a sua jurisdição,e nem sempre com menos polémica.Logo obviamente não andam com estas preocupações dos AS e afins.
Depois a sua área de conhecimento é mais tangível logo menos apropriável.
Na área das ciências sociais as formações académicas são distintas e portanto as funções, métodos, valores e finalidades também o são. Por algum motivo as Associações que representam as diferentes profissões sociais em Portugal têm concepções distintas de cada profissão, veja-se por exemplo os casos da Sociologia, Serviço Social e Psicologia.
Mas porque competem estas profissões ou porque é que o SS pode como dizes ser cilindrado pelas outras profissões:
1º O Serviço Social foi a primeira profissão na área logo a que foi conquistando maior espaço no mercado.
2º Profissões como a Sociologia, não conseguiram afirmar-se, na déc.de 80/90 e por aí, na sua área especifica- a investigação sociológica.
3º O Estado, os empregadores e dirigentes desconhecem ou estão pouco preocupados com as funções dos Assistentes Sociais, desde que haja o "social" os métodos não interessam, o que importa é o politicamente correcto.
4º A profissão de Serviço Social, primeiro porque não precisava, agora porque não consegue afirmar a sua especificidade perante governantes dirigentes e outras profissões.E disto poderia dar alguns exemplos: criação de um CET de Serviço Social e Desenvolvimento Comunitário, a imagem de "apaga fogos" que os dirigentes de IPSS's têm dos AS, a dificuldade que os autarcas têm em distinguir um sociológo de um AS, etc.
Ficam as ideias.

S Guadalupe disse...

Nem porque sim, nem porque não, nem porque é instuituído. Cada um lê as coisas como quer, com "as suas lentes". A arrogância é sempre um risco fácil de pisar. Vou evitá-lo, apesar de quem me conhece saber que tenho necessidade de ironia que por vezes soa a tal. Falo por mim e não por "nós", pelo que recuso a aceitar o "vocês". A transferência importada do que quer que seja sem tradução (que implica adaptação ao contexto a que pretende verdadeiramente adaptar-se) é sempre muito arriscada e, neste caso, altamente desadequada. É só conhecer a história do Serviço Social para perceber a desadequação. Também denuncias conhecer pouco do que falas quando referes a preocupação excessivamente teórica. Nada disso. Ah, e já agora, não te preocupes tanto connosco! Temos gente competente e com competências suficientes para novos desafios. Não duvides que qualquer profissão necessita sempre de gente que como tu, embora, no caso,"por fora" e com uma visão que considero distorcida (mas tua, o que já não é mau...), transmite o que pensa e quer saber mais. Continua, mas tenta ser mais breve.

S Guadalupe disse...

Já agora, fiquei curiosa: Que lobby????

Anónimo disse...

Um amigo e colega,o Prof. José Paulo Netto costumava dizer que " ...nenhuma profissão tinha, logo de saída, garantido o seu espaço e destino histórico..."
Esta frase sempre me acompanhou nas reflexões,especialmente nos momentos da euforia do mercado educativo. Nalgum nalgum sitio terei escrito eu próprio de que devemos fazer uma leitura da relação da profissão com a Questão Social e a sua nova configuração. Quanto mais que o próprio espaço politico europeu, de futuro poderá vir a determinar todas as questões nacionais dos estados membros.

A Ausência latente de um Projecto-ético Politico dos Profisionais de Serviço Social em Portugal, pode explicar em parte a fragilidade com a qual enfrentamos algumas situações.

Dai é que deveriamos começar a preparar o Segundo Congresso de Serviço Social, para consolidar e establecer algumas plataformas comuns dos assistentes sociais e proporcionar às instituições da classe a força necessária para as concretizar.

A Construção colectiva de um Projecto ético-político futuro deverá proporcionar uma redefinição da nossa soberania profissional, os seus objectivos e as suas metas, as suas alianças, os seus sonhos. Mas sobretudo deve proporcionar-nos as bases para um compromisso real e concreto com a defesa dos direitos humanos e dos mais excluídos, pela qualidade e Competência Profissional y que seja traduzida em benefícios concretos para os nossos clientes, cidadãos de direito.

A auto-regulação é importante porque ela também nos deve nortear na questão das recompensas profissionais ( os contratos,os salários pelo nosso trabalho )e que em tempos de desemprego resultam vitais.

Na Eupopa existe uma taxa de desemprego e pobreza semelhante ao panorama que se vive nos Estados Unidos. E, na verdade, nenhuma classe profissional pode apresentar um sorriso e dizer publicamente que esta "bem de saúde" . As novas profissões que que estão surgindo lutam por conquistar um novo espaço disputando o mercado de trabalho com as tradicionais. Na verdade é a própria fragmentação das C. Sociais que têm vindo a acentuar o decadente panorama. anteriormente descrito.

Mas continuo a insistir ......

hasta la victoria....

alfredo henríquez





Mas

Anónimo disse...

Olá. Este é o meu último comentário. As respostas de meia-noite disseram apenas três coisas: (1) a tradução do estrangeiro é desajustada, porque toda a gente sabe, basta ver... (2) sei pouco sobre o que falo e preocupo-me excessiva e desnecessariamente e (3) vocês têm mentes iluminadas q.b. para resolver os vossos problemas. O primeiro comentário - da marta - apelava a um espaço confortável. Seja. Espero ter sido suficientemente breve, caso contrário peço desculpas pelo espaço utilizado nos servidores do serviço...

S Guadalupe disse...

Oh Pedro, que neura! Por isso a comunicação humana é tão fascinante, e este tipo de comunicação torna as coisas particularmente difíceis, pois usa apenas um suporte e é "unilateral". Foste breve mas azedo. Às vezes é necessária uma visão que perturbe para despoletar perturbações e mudanças. Gosto disso. Desafio-te a continuar, pois apesar de discordar, sustentas os teus posicionamentos. E isso é raro e bom. Discordo é das opções que tomas para tal sustentaçao. Mas o mundo é e deve ser assim, de outra forma seria uma chatice. Qualquer contibuto que faça mexer é bem acolhido, não duvides disso. As "nossas mentes iluminadas" são mais "mentes trabalhadoras". Nunca me sentirei confortável no "meu" espaço. Sempre trabalhei com pessoas de outras áreas e isso sempre foi muito positivo, e isso faz revisitar espaços e redefinir fronteiras que nuns casos serão mais nítidas que noutros. Não é por aí, parece-me.

S Guadalupe disse...

Ua vez mais, Pedro e, aproveitando o que diz alfredo, gostaria de deixar algumas notas par poder continuar a discutir tais assuntos em futuros posts. 1) não existe lobby, caso existisse talvez já estivesse concretizado o tal projecto que poderia legitimar a profissão de outra forma: a ORDEM. 2) a existir ordem poderia regularmentar-se o acesso à profissão, que neste momento se defende (às vezes cegamente, admito!) porque tem sofrido acusações, emprego precário, abusos, e o que se conhece. 3) outra questão é a que o Pedro coloca. Regulamentar o acesso à profissão a partir de habilitações/competências. O segundo ciclo de bolonha permite uma especialização que não deve ser exclusiva daqueles cuja formação de base foi SS. Não tenho problemas, desde que haja formas de habilitação na área. As pessoas têm direito a mudar o rumo da sua vida. Não me fez confusão de ter alunos já licenciados noutras áreas e desempregados de longa duração que estão a terminar a 2ª lcenciatura (no caso em SS) com apenas 2 anos de formação. Digo "apenas" por hábito! Mas concordarás que há que definir muito bem as coisas e é necessária uma entidade que consiga legitimidade para fazê-lo. Sem ordem, por enquanto, reina a desordem. Com bolonha vão existir alguns aspectos caricatos. Vamos ter gente com 6, 7 ou 8 semestres de formação, com planos curriculares que apostam em competências diferentes e vão exercer a mesma profissão mesma carreira. Mesmo agora, temos gente que sai com 15 ou 16 valoresno curso (certamete não apenas por "empinarem" ou copiarem muito bem) e gente que sai com 10. E é a mesma profissão e carreira. Aqui não há cometence ou skills que aguentem. Enquanto não houver uma entidade (que para uns reforça simplesmente o corporativismo, mas que para outras será um projecto bem mais amplo) legítima que ponha mão nisto, continuaremos aqui e noutros sítios a dissertar... Lá me alonguei. Peço desculpa! (é só porque é mais difícil rebater tanta coisa dita ao mesmo tempo - perde-se material)

Anónimo disse...

Então Pedro não te vás embora. A tua visão é, possivelmente, partilhada por muitos outros profissionais. A questão não é a apropriação desesperada de um campo de actuação próprio do SS, mas sim o confronto quotidiano que os assistentes sociais se deparam perante a ignorância dos outros face à sua identidade profissional. Não me sinto mal por me chamarem a menina da assitência, porque me encontro segura que tal como o Profº Henriquez afirmou existe um projecto politico-ideológico do Serviço Social. Por outro lado, não sejamos ingénuos a imagem da assistência continua a ser perpetuada pela população alvo a quem a nossa acção se dirige. Grave é que outros técnicos das ciências socias e humanas, directores de IPSS'S e outros agentes sociais com uma acção importante em termos de desenvolvimento social, possuam ainda uma visão tão reducionista e tão pouco profissional do Serviço Social. Diz-me lá Pedro, o que é para ti um assistente social (é uma curiosidade...).

Anónimo disse...

Olá. Estou novamente por aqui. Se alguém se antecipou ao regresso de Cristo para dar o dito pelo não dito, eu, que não me comprometi tanto, também posso voltar atrás. Portanto, voltei.
(Uma sugestão: disponibilizando um endereço electrónico no blogue, seria possível enviar comentários mais aprofundados e de uma forma mais confortável do que nesta janelinha onde agora escrevo, que poderias depois tratar conforme entendesses. Fica a sugestão - desculpa o atrevimento, s guadalupe).
Quanto às questões em cima da mesa... há tanto para dizer. Uma primeira questão tem a ver com o conhecimento da história do serviço social em Portugal para justificar a não aplicação de outros quadros. Não é essa história que vem justificar o facto de, como o identity afirmou, andarem há 32 anos a trabalhar pela reformulação do SS, ou que alguns sintam falta de uma identidade própria, ou que tenham medo de serem "comidos" por outros profissionais? Ela serve de justificação para a necessidade de mudança e para a recusa de propostas diferentes?
Uma segunda questão, tem a ver com a dificuldade na busca de uma identidade. Pouco sei sobre isso. De qualquer forma, imagino que existam, em Portugal, alguns milhares de AS. Muitos deles, com responsabilidades na elaboração de políticas e de orientações a inúmeros níveis. E no entanto, a ideia que eu tenho, é que querem que todos assumam a mesma fatiota - a mesma identidade. E para a definir, juntam-se em colóquios, assembleias, congressos, e discutem... discutem perspectivas ideológicas, filosóficas, e outras. E neste ponto tenho vontade de rir. Imagino um AS com uma visão democrática-cristão a procurar estruturar um projecto político-ideológico para o serviço social com outros, marxistas, anarquistas, ou sociais-democratas. Cada um deles terá a sua visão de sociedade. Não me venham dizer que é possível um projecto político-ideológico para o SS, quando o próprio conceito de projecto político-ideológico está politicamente marcado. Se fazem depender a vossa identidade profissional da constituição de um acordo generalizado entre os AS, então, comprem boas cadeiras, porque vão passar muito tempo sentados.
Perguntam-me, entretanto, o que é para mim um assistente social. Vou buscar um velho princípio da medicina: o princípio de que é a função que faz o orgão. Fígado e função hepática, rins e função renal... O processo que tenho aqui visto esboçado é o seguinte: nós, assistentes sociais, pretendemos defendemos uma sociedade do tipo x. Nessa sociedade, o nosso papel deverá ser x'. Para o cumprirmos, achamos que devemos desempenhar as seguintes funções: y= f(x'). Ora, como nunca vão chegar a acordo sobre o x, muito menos sobre o x', o vosso y é pessoal e intransmissível, de onde resulta que terão que o negociar entre vocês, AS, e com todos os profissionais adjacentes. O que eu afirmei no primeiro comentário, é que o processo deveria ser inverso, começando por uma análise das funções. E aqui, volto à carga, acho que profissionais com outras formações, que não a licenciatura em serviço social, poderiam executar melhor algumas dessas funções - no fundo, que com o estreitamento da carreira de Assistente Social a um único tipo de formação, se está a fazer com que algumas funções sociais estejam a ficar sem resposta ou sem "a" resposta mais adequada. O vosso "lobby" está presente numa boa parte dos lugares de chefia intermédia de áreas como a saúde, o trabalho, a formação profissional, a justiça, e, pelo que vejo, mesmo aqui, neste blogue, tem dificuldade em aceitar que certas questões, que implicam a perda de domínios, venham a ser colocadas.
Peço desculpa pelo tamanho do comentário, mas uma pessoa começa a falar e nunca mais se cala. Agora vou-me embora, pois tenho funções a desempenhar...

S Guadalupe disse...

Ora, Pedro, ainda bem que reconsideraste. Vais perceber que, enquanto assistentes sociais, não defendemos nada em uníssono. Claro que há uma determinada cultura que se sobrepõe a outras num determinado contexto sócio-histórico, como relativamente a tudo... e que é mais visível porque domina no discurso de alguns. Como pretendo uma discussão aberta e que nem sempre passe por mim (cabe-me o papel de provocar e alimentar!),gostaria que assim continuasse e não passasse pelo meu crivo. Tenho um e-mail do domínio público, da escola onde trabalho. Descobre-me!

Anónimo disse...

Olá. Muito rapidamente. Não quero saber o teu mail. A discussão não é entre nós, mas de toda a blogoesfera. O teu mail institucional, ou o pessoal, não devem ser para aqui chamados. O que eu sugeri foi a criação de um mail do blogue, como surge na maior parte dos ditos, desde o do abrupto senhor das barbas até aos acidentais de direita ou aos causídicos vitais... Todos estes aproveitam mensagens enviadas para explorarem em postagens, muito mais confortáveis. Agora, já viste se isto corre bem, e começas a receber centenas de mails por hora a comentar o que quer que seja...

S Guadalupe disse...

OK. Estou nisto há pouco tempo. E sou só uma, pois ainda não consegui convencer ninguém mais, o que torna as coisas mais complicadas. Já criei mail mas ainda não consegui ver como mudar o template para colocá-lo visível. insistente.social@gmail.com

Anónimo disse...

Não percebi a definição do Pedro de Assistente Social. Algo me deve escapar... Em relação aos lobbies, de certeza que possuis informações que não estão acessiveis ao resto dos mortais e como tal seria importante partilhares connosco.
Por outro lado a análise das funções para se definir uma especificidade de domínio profissional leva-nos, igualmente à pluridimensionalidade de acção. O que eu penso é que a pluridimensionalidade de acção é importante, definindo uma actuação que passa pela capacidade sincrética de numa determinada questão despoletar meios, recursos, agentes e respostas capazes de fazer enfrentamentos aos problemas sociais. Mas isto também não é assim tão importante. A questão do campo de actuação de SS remonta ao sex XIX nos EUA onde um senhor chamado Flexner disse que nós assistentes sociais nunca poderíamos ser considerados profissionais porque 1) não possuíamos um corpo teórico de conhecimento especifico; b) não possuíamos um campo de actuação especifico e que de acordo com as teorias funcionalistas da profissão, vigentes, na altura seríamos considerados "quase profissionais". Entretanto muita coisa mudou mas algumas crises de identidade mantêm-se. Face ao trabalho que se têm desenvolvido, mesmo em termos de investigação social e de questionamento face às politicas sociais, a questão da identidade profissional assume agora novos contornos. Decapitados, Sónia, acho que não.

Anónimo disse...

PS: Como é que alguém pode encarar o II Ciclo de Bolonha desagarrado do I Ciclo? Então é uma festa... Por exemplo os sociólogos fazem o II ciclo de SS e são considerados o quê? e porque não os engenheiros, matemáticos)? Recomendo ao Pedro a leitura do blog dos marretas.

Anónimo disse...

Olá. Dois breves comentários. Em primeiro lugar, não sou possuidor de qualquer tipo de conhecimento oculto ao comum dos mortais. O vosso lobby resulta do facto de a carreira de Técnico Superior de Serviço Social estar muito bem estabalecida na função pública, em virtude da sua já longa história - em comparação com outras profissões vizinhas, como a psicologia, a sociologia, ou outras. Isto implica um maior número de assistentes sociais em lugares de chefia intermédia do que das restantes profissões, não sendo raro ver outros profissionais a trabalhar sob as orientações de assistentes sociais.
Em segundo lugar, a minha "definição" de assistente social pareceu-me clara - não há, para mim, uma definição única, dependendo sempre do que eles fazem. Tal como um médico, ou um psicólogo. Dependendo de estar em contexto hospitalar ou ambulatório, em serviços de prevenção ou de remediação terapeutica, da sua especialidade, da sua especialização, entre outros factores, torna-se muito difícil encontrar uma definição específica para o conceito "médico". Tal passa-se também convosco, assistentes sociais. COm tantas funções atribuídas, a tentantiva de atingir uma definição conceptual específica implicará sempre a busca - ou o forçar - de alguma característica identitária e o aparar das franjas da vossa profissão, dificilmente abrangíveis por aquela.

Anónimo disse...

Já agora, a referência aos marretas tratou-se de uma subtil tentativa de adjectivação ou refere-se, de facto, a algum conteúdo específico do tal blogue... é que ele já tem cerca de 3 anos, com muitas postagens diárias...

Anónimo disse...

Ainda relativamente ao "lobby", o facto de apenas dois comentários terem reconhecido a minha chamada de atenção, e ainda assim, de forma tímida, que significado terá? O reconhecimento da veracidade do comentário, ou o reconhecimento da inimputabilidade de quem o faz?

S Guadalupe disse...

Pedro, dos teus comentários, leva-me a crer que trabalhes no contexto dos cuidados de saúde. Caso o teu exercício profissional seja em meio hospitalar, e ainda mais se for num hospital central, melhor compreendo as tuas chamadas de atenção, pois é talvez o meio onde estão menos exploradas a potencialidades do trabalho do Serviço Social. Claro que há excepções e muito meritórias, mas o trabalho actualmente e geralmente desempenhado é muito pontual, algo assistencialista e quase sem a vertente comunitária onde podemos reconhecer um outro valor e complexidade à profissão. Mas tens razão, os contextos de trabalho são muito diversos e é difícil generalizar a partir de apenas um deles. O novo post é inspirado nas tuas observações... que tens a dizer?

Anónimo disse...

Não há nenhuma adjectivação aos marretas para ti Pedro. Gosto muito do blog que de uma forma divertida e despretensiosa trata assuntos muito sérios. Em relação ao lobby olha deixa cair porque não nos leva a lado nenhum. Relativamente aos lugares de chefia intermédia as coisas não aconteceram por acaso. Começaram em meados dos anos sessenta quando novas questões sociais, novos regulamentos formais são colocados à actuação do SS. Daqui surgem paradoxalmente dois grandes campos ou (clientes) do SS: 1)O Estado. A evolução social, dos serviços públicos e a procura de novos programas nacionais de protecção social com a exigência de uma maior intervenção por parte do Estado vai despoletar um movimento de maior "intrusão" do SS no planeamento e aplicação das várias políticas. A tua questão, tal como eu a percebi ( e posso ter percebido mal...) é que tu pensas que o SS não é a profissão privegiada para exercer estas funções. No entanto ela através da sua formação académica, da sua participação em movimentos sociais inicia um trabalho que exige uma coordenação dos vários serviços envolventes e face à sua história encontra-se na mehor posição para o fazer. 2) cliente. Aqui a intervenção vai mudando. Desde aspectos mais paternalistas (década de 40) a uma vertente mais psicológica (década de 50) a uma vertente de regulação (década de 60), a uma vertente de emancipação (década de 70-90) até desaguar numa vertente de contratualização existem uma protoforma multifacetada de actuação que infelizmente ainda se encontra ligada às caracteristicas pessoais da pessoa do AS.

Anónimo disse...

PS: Desculpem pareço eu a dar uma aula, mas falar sobre o destino sem compreender o caminho também não faz muito sentido

S Guadalupe disse...

Por vezes é mesmo necessário rever os caminhos trilhados... BOA!