12.5.06

alargamentos

O crescimento do Terceiro Sector leva a mudanças de fundo na forma como a profissão deve ser entendida e encarada. O Serviço Social hoje em dia não tem unicamente o Estado como empregador. Nunca teve, aliás, mas era o dominante há umas curtas décadas.

A própria designação de "ordem" fazia sentido apenas relativamente às profissões liberais tradicionais. A excepção da enfermagem (geralmente não liberal) introduziu o debate relativamente a tal concepção e abre possibilidades de auto-regulação, através dessa figura legal, a outra profissões com responsabilidades e exigências particulares do ponto de vista ético e deontológico.
A carreira de Técnico Superior de Serviço Social serve apenas alguns dos assistentes sociais, aqueles cujo vínculo laboral se estabelece com um serviço público. Os restantes ficam à mercê dos seus empregadores. Claro que isto se passa noutras profissões, mas o Serviço Social pretende que seja diferente. Pretende uma maior abrangência para o estatuto. Por isso a APSS está a promover debates com vários sectores profissionais.
Curiosamente, o reforço deste Terceiro Sector, apoiado por programas estatais que se baseiam em parcerias de âmbito local, veja-se o caso do RSI e Rede Social, vem juntar à mesma mesa e com níves de responsabilidade idênticos pessoas com a mesma profissão mas com estatuto bem diferente. Se noutras profissões a carreira pública é pouco apelativa por razões económicas e restritivas, no caso do Serviço Social é ainda a mais apelativa e o referencial que se pretende atingir. Valorizar o trabalho levado a cabo, implica justificar a produtividade desse trabalho com o impacte socio-económico que tem na sociedade! Utopias?! Talvez! Usemos as armas que os políticos conhecem e sejamos também políticos, na mais digna acepção da palavra.
Uma profissão que luta pela não-discriminação tem obrigação de encetar esta e outras lutas.
Mais do que a mudança de estatuto (legal), urge mudança de estatuto (social).
E, já agora, perdoem pela superficialidade de abordagem.
Proposta de Estatuto no observatório do www.cpihts.com

5 comentários:

alfredo henríquez disse...

Agradeço que me façam chegar documentos sobre esta temática

Anónimo disse...

Não é superficial a tua análise. Enquanto técnico sinto essas clivagens. Se por um lado estou presente em fóruns onde idealmente todos os parceiros têm igual peso (Rede Social e respectivas Comissões Inter-Freguesias, por exemplo), por outro sente-se a primazia dos colegas que representam uma entidade pública. Sobretudo as Câmaras Municipais ou a Segurança Social. São invariavelmente os detentores da palavra e da última palavra. Já para não falar nas questões da remuneração e da carreira... mas estas últimas serão apenas passageiras para aqueles que desenvolvam um bom trabalho. Acredito que a seu tempo, serão compensados.

Anónimo disse...

Na verdade esta é uma questão importante,tendo em conta a disparidade contextos e estatutos do Serviço Social, se atendermos sector público/versus/sector privado (ipsss, cooperativas, associações, etc), mas também no sector público a clivagem já entre os vinculados e aqueles cuja tendência é a contratualização por parceiros, embora actuem dentro do sector estado, ou mesmo pelo Estado, contratualizados em regimes diferentes. Este é uma assunto transversal, aos sindicatos, associações, instituições, etc. Que poderá ser enquadrado no âmbito de uma Ordem, com certeza.

S Guadalupe disse...

jpsilva, sinais dos tempos que correm... mas sem resignação (da nossa parte)!

ricardo, assim são as parcerias, não é? E os responsáveis pela acção social de uma dada zona de residência, que frequentemente são AS de IPSS... partilham responsabilidades que lhes são delegadas, mas não há equiparação de recursos disponíveis nem compensações adicionais. E alguém tem protestado?

Anónimo disse...

Olá Sónia:
Gostei muito deste poster e penso que a tua abordagem é muito significativa. As dúvidas na relação entre público e privado são-me muito próximas, uma vez que sendo assistente social possuo uma resposta social própria privada. Digo-te que as necessidades são muitas e os apoios são escassos. Tudo o que se faz, faz-se com critérios de qualidade e inovação que se pretende ser uma alternativa à inexistência no público, mas faz-se por idealismo. Em termos financeiros, não há a menor rentabilidade. É pena. Não que eu ache que deva ser algo com cariz capitalista, mas dentro dos modelos do norte da europa podemos ir mais além. Não sei se não estamos preparados ou se Portugal também não pode estar preparado. As experiências que visitei, nomeadamente a Holanda (já há alguns anitos) eram fantásticas!!
A criatividade aliada a mecanismos e respostas sociais inovadoras permitiam chegar a públicos alvo e aproblemáticas diferenciadas, como as novas formas de pobreza, o endividamento familiar, a toxicodependência, os espaços inclusivos e novas abordagens de intervenção familiar.