18.5.06

há sempre lugar para mais um???????

...pelo menos é o que parece no que toca à criação de cursos de Serviço Social por esse país fora.
Vejamos..
após a criação dos pioneiros em Lisboa, Coimbra e Porto (Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa [1935, privado], Instituto Superior Miguel Torga [ex-ISSSC, Coimbra, 1937, privado] e Instituto Superior de Serviço Social do Porto [1956, privado]), surge, após os anos 90 (isto é, 55 anos depois da criação do primeiro), o curso nas seguintes instituições:
- Instituto Superior de Serviço Social de Beja (1990, privado);
- Instituto Superior Bissaya Barreto (Coimbra) (1991, privado);
- Universidade Católica (Lisboa) (1996, privado);
- Universidade Fernando Pessoa (Porto) (1997, privado);
- Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Lisboa) (1999, privado);
- Universidade Católica (Braga) (2000, privado);
- Universidade dos Açores (Ponta Delgada) (2000, público);
- Instituto Politécnico de Leiria (Leiria) (2003, público);
- Instituto Politécnico de Viseu (Lamego) (2004, público);
- Instituto Politécnico de Castelo Branco (Castelo Branco) (2004, público);
- Instituto Politécnico de Portalegre (Portalegre) (2004, público);
- Universidade Católica (Viseu) (2004, privado);
- Instituto Politécnico de Beja (Beja) (2004, público);
- Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo (Porto)(2005, privado);
- Universidade de Coimbra (Coimbra) (2005, público);
- Universidade da Madeira (Funchal) (2005, público).
E agora também em Aveiro, no ISCIA... a abrir já para o próximo ano lectivo.

Intrigante é...
Até há muito pouco tempo contava pelos dedos as pessoas que fariam parte da massa crítica nesta área. E ainda são as mesmas... As que se formam e as que escrevem!
Bem... que posso dizer...??!! Tanta coisa me passa pela cabeça e tanta dúvida em mim persiste. Mas deontologicamente não ficariam muito bem alguns desabafos!

À parte dos casos que conheço bem (e relativamente aos quais não tenho dúvidas em reconhecer qualidade), assalta-me frequentemente a seguinte dúvida: quem serão os professores da área que formam tão superiormente os seus alunos em tanto curso em simultâneo? Não tinha ideia que erámos tantos e tão bons!
Mas será que os candidatos aos cursos se questionam também?!
Que Raio!

20 comentários:

Anónimo disse...

Olá. Já aqui não vinha há algum tempo, com as fitas queimadas, e as gatas enterradas, parece que o tempo já voltou ao que era. Esta proliferação de cursos de Serviço Social tem muitas semelhanças com a proliferação dos cursos de Psicologia. Aliás, ela surgiu mais ou menos ao mesmo tempo. Essas escolas basearam-se em turbo-professores (alguns deles atingiam, certamente, velocidades de Mach 3), e em licenças sem vencimento de professores de instituições públicas, que, mal podiam, deixavam assistentes a dar aulas, e se dedicavam a actividades muito mais interessantes. O que me espanta, no vosso caso, é que enquanto os psicólogos se vão doutorando na sua área científica com alguma frequência, o mesmo já não acontece com o vosso curso. Tanto quanto sei só agora começam a surgir mestrados e doutoramentos em Serviço Social. Daí o reforço da tua questão: quem serão os professores? e logo, a questão subsequente: qual a qualidade dos técnicos formados com tais professores? Esta dá outra vez pano para mangas, mas quer-me parecer que ainda se fará um nivelamento por baixo para aproveitamento de tudo.

Anónimo disse...

Uma última questão, que tem a ver com uma visão mercantilista do ensino superior. Se considerarmos uma relação compra/venda/produto, o que se vê na vossa área,é que as instituições vendiam formação (produto) aos formandos (compradores), enquanto na maior parte das áreas, era o estado a comprar às instituições vendedoras, um produto específico (diplomados). Ora, porque será que só a partir de 2000 é que o estado português sentiu necessidade de "comprar" diplomados às instituições formadoras?

S Guadalupe disse...

Os doutores que existiam faziam o seu curso de doutoramento no Brasil e pela Europa (nos países que têm esse grau, que são poucos). Agora há 3 possibilidades por cá.
Mas são poucos.

E lembra-te também dos cursos de Direito, Economia e Gestão!

S Guadalupe disse...

E aqui ainda faltam os outros cursos que prometem acesso à carreira: trabalho social na UTAD e política social em Lx... e há mais

S Guadalupe disse...

Longa história.
Há artigos que sistematizam bem o percurso...

Os AS (formados em privadas) eram absorvidos pelos serviços estatais na sua esmagadora maioria... houve movimentos vários de integração universitária (na UC, p.ex), sempre sem sucesso.

Repara-se agora uma injustiça? Esta seria uma visão ingénua...
Não o sejamos...

Anónimo disse...

Olá amigos bloggers.
Este é um dos temas mais pertinentes do momento e decisivo para o futuro do serviço social.
O enchame de cursos, desde 1995, sensivelmente, deveu-se a vários fenómenos, mas que podemos considerar dois fundamentais:
1- Comum a outros, é um Curso de baixa económica para a sua construção, aproveitando trabalho curricular de outrém;
2- Mais único. É nesta década que as Universidades Privadas se apercebem do efeito necessidade de mercado/ não existência de cursos estatais, o que produziu uma verdadeira corrida privada ao nosso tesouro. Depois, vieram umas complexas, mas proveitosas, face à inexistência pública dos politécnicos, que, em especial na zona centro irmanaram-se no âmbito cogumelo. Agora aparecem possíveis fusões, e o Estado parece querer assumir aquilo que primeiro deveria ter sido sua orientação: Formação de profissionais que fundamentaram a existência de um, vamos lá, Estado Social.
Na verdade, quem dá aulas em tanto sítio, que cabeças pensantes e formações tão vastas é uma incógnita, que o segredo deve servir para disfarçar a mediocridade. Um dia separar-se-à o Trigo do Joio, em estilo poético, o problema é que patéticamente este é um tempo em que as capacidades (mais económicas) de mercado abrandaram absorção, excedentes e desemprego, ou sunbemprego não faltará e ainda, os tradicionais ISSS, locais de fundamentação histórica, quais raízes, vão sendo lentamente arrancados. A regulação é mais que necessária, sob pena da inequivoca e já presente, do baixo nível profissional e portanto da menorização da validação profissional.
Devemos preocupar-nos e agir. É certo.

Anónimo disse...

Olá. Ò Guadalupe, tem piada que a nossa discussão começou por eu dizer, há umas postagens atrás, que achava que o Serviço Social enquanto função não deveria ser exclusiva dos licenciados em Serviço Social. Agora que falo sobre os doutorados em Serviço Social, vens-me falar dos outros, Doutorados em Direito, Sociologia, etc.. Se a vossa formação é assim tão específica, não me venhas dizer que, no fim de contas, ela está entregue a doutorados em outras áreas. É mesmo assim?

S Guadalupe disse...

Não, Pedro, confusão.. o comentário que fiz (ao mesmo tempo que também comentavas, e por isso não vi 2º) tinha a ver com o facto dessas áreas (direito, economia,...) terem sida as 1ªas vítimas da venda a retalho de cursos de papel e lápis. Só mais tarde descobriram o filão da psicologia, do serviço social e de outros que tais.
Não tem nada a ver...

O SS tem doutorados em Serviço Social, poucos, mas tem já cerca de uma dúzia.

Ainda assim, e uma coisa há que afirmar: os AS têm optado por formação pós-graduada também noutras áreas (sociologia, p.ex), e isso tem ave com a dificuldade existente até agora, e com opções que se prendem com as áreas teóricas e profissionais onde se tem investido.

Eu, p.ex., estou a fazer o doutoramento em Saúde Mental por opção, mas há sempre hipótese de trabalhar a partir de uma visão e postura que não me fazem outra coisa que não AS.
A opção vai-me custar mais caro. Mais tarde há que agregar à área, e vão mais uns anos. Os percursos trilhados são o que são.

S Guadalupe disse...

Mas também é bem verdade que até há muito poucos anos a única escola que tinha um doutorado em SS era aquela onde trabalho.

O SS é uma disciplina que tem um referencial transdisciplinar, mas isso não é desculpa para estar entregue a outras áreas, como concerteza se passará por aí, háuma identidade que só se constrói se alguém permitir a sua construção. Risco: diluição!

S Guadalupe disse...

Oh JPSilva, perante isto, o que fazer?

Sofia Melo disse...

Bem, pessoal, juntem-se ao clube. Na área de Direito, da necessidade de distribuir mais a formação na área, veio o exagero, e nem sempre com resultado na boa formação. Pior: se pensam que digo q a pior formação é a do privado, olhem que isto já chegou ao ponto de os professores (que infelizmente são quase sempre os mesmos) se desleixarem no ensino no público, para se aplicarem no privado, que lhes paga melhor. A corrida a mestrados e doutoramentos, em Direito, raramente tem a ver com a a necessidade de evolução técnica, mas sim com a intenção de ficar mais garantidamente a dar aulas numa universidade qualquer, e nem sempre com a preocupação de dar BOA formação, mas de ganhar um salário mais alto. Sempre pensei que os meus colegas estudiosos, que ficaram na faculdade, seriam muito melhores formadores dos novos alunos de Direito, e melhores técnicos, teóricos e autores. Fiquei triste em saber que isso não era bem assim, na maior parte dos casos. E neste momento, Direito está a feijões, é pena. Espero sinceramente que isso não aconteça com os AS.

S Guadalupe disse...

Daqui a uns anos se verá, mas já parece estar a acontecer...

Anónimo disse...

Que as Universidades particulares paguem melhor que as publicas não corresponde à verdade. Digamos que nas privadas, laicas ou confesionais os salários são sempre inferiores ao ensino público, apesar de matriculas elevadas.

Tirando as raras excepções, onde se verifica um projecto pedagógico universitário democrático e criativo, desconfio sempre de empresas "altruístas" com fins científios.
Também deve-se referir que os direitos laborais, as regalias sociais e as oportunidades de proseguir carreira, saõ coisas pouco conhecidas e profundamente arbitrárias.

Conheço uma que em que o pai é o administrador, o filho é o secretario e a filha é chefe de departamento. Até a empregada doméstica entra como funcionária. Só escapa o gato porque ainda anda no 12º ano.

alfredo

S Guadalupe disse...

essa do gato deu-me cá umas ideias...

Anónimo disse...

olá!
Gostava de dizer que concordo com tudo o que li. Sou recém formada em serviço social e ainda não consegui emprego e acho que está a haver um crescimento excessivo nas escolas e nos formados. Gostava muito de fazer diversos estudos, mas em emprego e dinheiro, nada feito. Prontanto espero por dias melhores.

Anónimo disse...

Gostava ainda de acrescentar, que também sem experiencia profisssional, penso que todos os estudos que tenho em mente seriam muito pouco crediveis.

S Guadalupe disse...

Patrícia, nem sempre é assim. Sempre arriscamos e inovamos mais quando temos pouca experiência ou estamos desvinculados, pois não há constangimentos institucionas para lidar.
Desejo-te o melhor futuro. Continua a aparecer!

Anónimo disse...

Olá
É só para informar que, infelizmente, no próximo ano, será menos uma escola a iniciar o curso de serviço social, designadamente o Instituto Superior Bissaya Barreto, porquanto, suas senhorias decidiram encerrar definitivamente a licenciatura e, em 2006/2007, a mesma já não aceitará novos alunos. Resta-me acrescentar que me encontro solidário com todos os alunos, ex-alunos, professores e funcionários do ISBB que tudo fizeram ao longo destes anos para dignificar a profissão. Mas, como neste país só a incompetência é que prevalece e é valorizada, eles lá saberão porque assim decidiram. Saudações académicas.

S Guadalupe disse...

Anónimo, A sério? Não tinha a mais pequena ideia, e estou chocada!

S Guadalupe disse...

apesar de não ser explícita a decisão de enceramento, já fui ler a notícia que me tinha escapado! E já coloquei post acima. Obrigada!