o poder técnico e o poder de decisão
Este é um assunto ao qual poderemos voltar mais vezes. Desta vez trago um desabafo que muitas vezes me fazem assistentes sociais que trabalham sob alçada de outro poder: o clero.
"Não há paciência... eu digo isto, o padre faz aquilo!"
"Apresento um projecto... o padre prefere canalizar o financiamento para o museu da paróquia!"
As IPSS's ligadas à Igreja têm características específicas e interessantes do ponto de vista de quem analisa. Como é, do ponto de vista de quem lá trabalha?
Pope de Francis Bacon
7 comentários:
Como sempre temas pertinentes... Vamos lá colegas da área mostrar como se trabalha com esses "Senhores", que vivem num mundo à parte do nosso...
Será que existe alguém a pensar o contrário?
Infelizmente não consigo aqui trazer um testemunho que fuja à norma. É de facto complicado trabalhar numa instituição de índole religiosa.
Trabalhei numa misericórdia. Foi a minha primeira experiência laboral. Era ainda imberbe nestas coisas e submeti-me ao marasmo que imperava. Quando olho para trás, vejo que não fui mais que um vegetal, com pernas e braços constantemente amarrados às práticas já instituídas. Nada de novo se autorizava, nada de ideias arejadas, nem pensar.
Felizmente durou pouco, mudei logo que pude. Não aguentava estar num sítio com tantas restrições à actividade e, mais importante, com uma carga religiosa tão forte que não se coaduna de forma alguma com as minhas convicções.
Pois Ricardo, pela tua situação já passaram (e estão a passar) um número considerável de assistentes sociais, uma vez que são as IPSS que estão a garantir uma grande parte de vagas de emprego na nossa área...
Não é solução virar costas às situações, na minha perspectiva nós como profissionais devemos ter um papel "educativo" nessa parte da sociedade tão fechada.
Tenho a percepção que IPSSs que viviam num mundo à parte (porque provavelmente eram dirigidas por pessoas que não percebiam nada do assunto) e que agora contam com a presença de colegas nossos, dinâmicos e empenhados no que fazem, na gerência das mesmas, estão a "crescer" de dia para dia, não só em número mas também em qualidade... É importante mudar mentalidades, provar por A+B que o melhor será C... A mudança e a persistência no meu entender são estratégias a adoptar...
Não negando a grande dificuldade de se fazer equipa com um padre… Mas temos de fazer ouvir as nossas ideias até que eles acreditem.
Então não existe coragem para falar do tema? Vamos lá... devem existir muitas opiniões deste assunto....
pelos vistos... reza-se em silêncio!
os padres, por sua vez, também tém um problema hierárquico. o clero tem uma chatice de um regime que não permite que os seus "lacaios" tomem decisões fora das directivas impostas pelo poder (clerical). e também são alvo da crítica de muito do pessoal que circunda a igreja e nomeadamente as ipss, que tem todo o gosto em relatar aos bispos e seus assistentes o que os padres fazem localmente, especialmente se for, por milimetros que seja, desviado das santas directivas. Assim, por medo de repreensões, recusam-se os padres a contribuir para melhorar o sistema. é um pouco por comodismo, sim. E depois há aqueles que são mesmo marretas... há por aí sangue novo no clero, mas esses nunca chegam a responsáveis por estas instituições, sabe-se lá porquê....
não concordo Bluerussian, existem muitos padres novos na direcção destas instituições e nem por isso se ve melhoras... antes pelo contrario... (sem poder adiantar mais)
E em relação às restrições que abordas dos superiores deve ser só para a parte laboral... porque para os tempos livres não existem "regras", antes pelo contrário (sem poder adiantar mais).
Não sei se alguém viu a noticia que saiu em Julho na revista Sábado a comentar a vida desses SENHORES, podemos considerar assim, SENHORES da sociedade...
Infelizmente é a celebre frase... "não inovar para não perder o controlo da situação". Nós Assistentes Sociais, profissionais das IPSSs é que temos que mostrar como se trabalha a esses Senhores.
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