10.1.08

a angústia do professor no momento da avaliação

... não sei se será passível de comparar com "a angústia do guarda redes no momento do penalty" (que, para quem não sabe, dá título a um filme de Wim Wenders). O momento, no caso do professor, estende-se um pouco mais no tempo e ocupa-lhe um espaço demasiado amplo (no meu caso, pelo volume de provas a corrigir e comentar). Sempre esperei poder avaliar os meus alunos com parâmetros de verdadeira avaliação, ou seja, uma avaliação capaz de introduzir mudança nos processos e nos percursos escolhidos, de tal forma que permitisse mudança e, assim, a capacitação para que as competências possam ser optimizadas. A avaliação por exame tal não permite. O aluno tem o feedback do professor numa classificação numérica que pouco diz. Por vezes tenho a ilusão de que as estratégias de feedback que escolho (dou aos alunos a prova comentada, comento genericamente as dificuldades observadas e teço os elogios adequados à circunstância particular) permitem mais que isso. Mas não acontece... Sempre resta a ilusão, a certeza de que há eco nalguns e a vontade de querer fazer melhor.

8 comentários:

Anónimo disse...

Não sou docente nem possuo experiência na área. Mas parece-me, como ex-estudante, que as dificuldades que relata se expandem a todo o sistema de ensino português. Trata-se de um sistema obsoleto em que se previligia a memorização (como alguns dizem, o "decoranço"), em vez da reflexão crítica. Daí a característica quantitativa presente no sistema. As mudanças introduzidas no sistema ao longo dos últimos anos, não vieram alterar o panorama nesse sentido. No que toca ao Serviço Social, a situação é particularmente preocupante, dado não se poder conceber que alguém que estude para assistente social, saia sem um forte sentido reflexivo, ético e crítico, a começar em relação à própria profissão, depois em relação às problemáticas e finalmente em relação à sociedade. A postura amorfa e acrítica de inúmeros colegas, explicam, em parte, o insucesso de algumas intervenções. Daí até à desculpa da falta ou insuficiência de recursos, vai um pequeno passo. Ensinar Serviço Social, sem ter como base um modelo que priveligie o desenvolvimento de um espírito crítico, é condenar a prática profissional ao insucesso. Um dos problemas que identifiquei no meu percurso académico, relaciona-se com a falta de comunicação entre as disciplinas. Cada um dava o seu "metier", e depois os alunos que fossem para os exames vomitar o que tinham decorado. Felizmente, havia algumas excepções, mas não senti que fosse geral. Faltou construir um corpo teórico-prático no meio daquelas matérias todas. Inerligar as disciplinas de Serviço Social com as de direito, sociologia, psicologia, economia, etc., falta um pouco disto. E aí a responsabilidade é toda dos docentes e dos conselhos científicos, não de qualquer ministério.

Anónimo disse...

Acredite que como estudante precisava desse tipo de avaliação, talvez agora não estivesses com dúvidas se tomei a opção certa, se tenho mesmo vocação para o que escolhi. Porque as dúvidas só surgirem agora?!

Anónimo disse...

como aluna k sou e k serei durante mais algum tempo, acho que a reflexão crítica de que tanto se fala sinceramente é algo que muitos de nós alunos nao fazemos, porque nunca nos foi incumbida, apenas agora na universidade... o ensino deveria levar uma grande volta mas como nao deu, temos que nos esforçare tentar melhorar:S

...

Anónimo disse...

concordo plenamente com o que o Duarte disse e é essa a minha postura. felizmente já temos professores que actuam dessa forma e, consequentemente, alguns alunos. agora falta que determinados professores e alunos "da velha guarda" mudem a sua concepção de ensino, para que se possa alcançar um ensino de qualidade e digno.

Anónimo disse...

Na verdade concordo com o que foi aqui dito de um aforma geral.

Penso, porém, que o problema não se encontra somente nos conselhos científicos e nos professores.

A verdade é que como foi já referido há no sistema de ensino portugues a cultura da memória, em detrimento da compreensão e reflexão de conteudos. Aí, acompanhando alguns deficits na estruturação da educação, surge um grave problema ao níveldos proprios alunos, que não se preocupam em compreender a matéria, ou perceber o seu nucleo duro, preocupam-se sim em memorizar temporáriamente a matéria, concentrar-se em conceitos que encaram como vazios, despejar na frequencia ou exame, e esperar que o resultado seja acima de dez.Desta forma torna-se impossível interiorizar o valor prático das matérias teóricas.
Se assim não fosse, se se reflectisse sobre o que se está a estudar, a tal interligação entre matérias não seria tão dificil.
Importante será tambem referr que esta forma de encarar a matéria não é muitas vezes, promovida em contexto de aula.

Anónimo disse...

Apesar, das limitaçoes do "sistema", apesar das dificuldades em perceber algumas materias, deixo lhe aqui o eco que sou mais e melhor desde que tive a excelencia de a ter conhecido... algures por coimbra.

Anónimo disse...

Ainda acrescento que a avaliar pelo que faz eco nos corredores, a sua vontade de fazer melhor continua a valer muito a pena...

S Guadalupe disse...

[babada]!!! ;-)
Sempre tive a certeza que seria por um ou outro momento pontual que vale a pena investir no que se faz, mas, por vezes, pesa demais...