Cursos e (des)emprego
O MCTES divulga um relatório sobre a procura de emprego dos diplomados com habilitação superior. Encontra mais dados aqui.
Todos sabemos que a situação é caricata: o país com menor número de licenciados é também o país com maior número de desempregados entre os licenciados. O que fazer? Que projecto de futuro tem este país?
Relativamente ao curso de Serviço Social todos conhecemos os contornos preocupantes da actualidade.
Remeto os mais curiosos sobre a matéria para o item sobre a empregabilidade do relatório da comissão de avaliação externa dos cursos de acção social (de acordo com a designação do ministério) das instituições mais visadas pelas notícias (UCP e ISMT), classificadas respectivamente com suficiente e bom neste item. Claro que a situação está bem diferente com a abertura dos mais recentes cursos (cuja autorização é obviamente do ministério). Claro que a situação se agravará particularmente com a duração menor dos cursos. Relembro, a título de exemplo, que o ISMT no ano lectivo passado (06/07) teve finalistas de 2 planos curriculares do curso simultaneamente, ou seja, os alunos dos plano de 4 e 5 anos terminaram o seu curso em simultâneo. Ora, tal mudança de ritmo na absorção do mercado de trabalho dos seus alunos já se antevia há muito.
Nas páginas 67-72 consta um quadro resumo dos cursos com maior índice de total de desempregados diplomados. Relativamente aos cursos de serviço social surgem os seguintes dados:
- ISSSP (0,46)
- ISMT (0,41)
- UCP (0,38)
- ISBB (0,38)
Paradoxalmente Bolonha traz um período de retenção nas universidades por um período ainda menor, como se o nosso país necessitasse de uma maior aceleramento na "produção" de quadros licenciados... Todas as consequências destas transformações podem ser antecipadas, mas os mais altos responsáveis não têm olhado para a situação.
- A questão fica: depois de tanta irresponsabilidade na gestão da formação nesta área (e noutras), quem arcará com as consequências, para além daqueles a quem foi criada uma expectativa de futuro mais risonha?
5 comentários:
É verdade, sim. Mas em relação ao Processo de Bolonha (eu não apanhei por pouco), parece-me que à partida os alunos vão aproveitar para sair da faculdade com o mestrado, não é? o que significará que o tempo de permanência destes na universidade será, mais ou menos, o mesmo que o tempo que nós ficávamos a concluir a Licenciatura... Ou não, já nem sei..
Saudações afectuosas,
Raquel (recém licenciada em Serviço Social).
De onde viemos?
Para onde vamos?
Provalemente o Serviço Social em geral,englobando todos o seus agentes, directamente ou indirectamente ligados ao sector, estão a passar uma fase de profunda reflexão! Pois o que se avisnha não é nada favoravel, com a privatização tendenciosa do "assistencialismo", a classe provalvelente, se não se renovar, resta-lhe apenas a morte lenta e silenciosa. Pelo menos nos moldes que hoje conhecemos do que é ser profissional do Serviço Social! OU seja, o empreendedorismo "americano" vai ter de começar a aparecer junto dos caríssimos colegas que chegam à profissão. E o modelo "público" dos famosos anos 90, acabou! Isso é um dado adquirido!
Que horizontes são dados aos jovens que tanto investiram na sua formação?
O que as universidades estão a fazer para uma optimização dos estudantes no mercado de trabalho?
As Pseudo-reflexões cientificas em torno do Serviço Social, não serão o alimento preferido de quem apenas quer se fazer notar,pouco preocupado com a realidade nua e crua da precaridade que hoje se vive na área? Provavelmente temos duas classes no Serviço Social. A dos "Secos" e a dos "Molhados", e por isso provavelmente a classe anda tão fraquinha, a duas velocidades!!!! Em que ninguém aparece nas conferencias dos "secos" pois provavelmente a maioria pertence aos "molhados"!
E assim se vai guiando a vida! Como dizem os pobres..." conforme Deus sabe"
Por isso repito, antes de falarem, e darem directrizes(como vejo em muitos bloges da área)pensem que a classe está moribunda! ACORDEM! A coisa não está nada facil! é so ler os jornais!
Sim Raquel, podem aproveitar para investir na sua formação e obter um grau que não estava tão facilmente ao nosso alcance anteriormente. Algumas instituições que atribuem o grau de mestrado estão a permitir aos seus ex-alunos (com planos de 4 ou 5 anos) que concluam o grau de mestre em apenas 1 ano.
Tive conhecimento que os alunos que apenas façam o 1ºciclo no tratado de bolonha que corresponde ao grau de licenciatura de 3 anos não podem desempenhar as funções de Assistente Social na sua plenitude tal como fazem os profissionais que se formaram no modelo anterior. Segundo me foi transmitido, com o tratado de bolonha, para ser permitido aos alunos desempenharem em pleno a profissão de assistente social, para além da licenciatura em 3 anos terá que frequentar o 2ºciclo q corresponde ao mestrado q demorará ano e meio dois anos e por fim terá de ter um ano lectivo de práctica profissional q corresponde ao estágio curricular. Em termos práticos s os alunos optarem por frequentar os vários ciclos enunciados no tratado de bolonha a sua formação decorrerá num prazo de 5-6 anos, o que corresponde mais ou menos aos colegas que s formaram no regime anterior. A meu ver os colegas q terminarem a sua formação c/ base neste tratado iram ter mais dificuldade em inserir-se profissionalmente. Dos contactos que tenho no meu dia a dia as entidades empregadoras não parecem receptivas a este novo modelo, desconfiando do tipo de formação de base q é possivel ser dada em 3 anos mesmo q complementada c/ o mestrado q insiderá sempre numa área especifica do serviço social, questionam a qualidade dos profissionais deste novo modelo, por considerarem q os profissionais q s formaram c 5 anos vinham muitas vezes despreparados para as reais exigências do q é ser assistente social. Parece me que vamos ter q aguardar mais um pouco para verificar os efeitos do tratado de bolonha na nossa profissão. Uma coisa parece ser certa vai deixar de haver licenciados em Serviço Social no desemprego, uma vez q os q s vão formar agora serão na sua maioria mestres o q irá "obrigar" aos profissionais do anterior modelo a frequentarem um mestrado também dando assim lugar a um conjunto de mestres em serviço social desempregados.
A estrutura de que falas existe para outras licenciaturas, como é o caso de Psicologia, pois o processo passou por uma estrutura única promovida por uma associação europeia de psicólogos. Chama-se a isso um curso integrado. O MCTES só permite cursos integrados em áreas como Medicina e Arquitectura, mas os psicólogos lá conseguiram com essa estratégia europeia. Nenhum outro curso tem essa estrutura...
Os licenciados por Bolonha são tão licenciadois como quaisquer outros anteriores. Claro que terão condições mais favoráveis do que os licenciados anteriores para fazerem mestrados, etc...
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