10.9.08

um quinto para um milionésimo: assim vai o mundo...

Um quinto da riqueza mundial está concentrada num milionésimo das famílias (2008/09/09 Lusa/SPP)

«Um quinto de toda a riqueza mundial está concentrada num milionésimo (0,001%) das famílias e a tendência aponta para uma cada vez maior concentração, indica um estudo do Boston Consulting Group. Este, analisou 62 mercados que representam mais de 98 por cento de toda a riqueza produzida no Mundo, indica que a riqueza global cresceu em 2007 quase 5% para os 77,2 milhões de milhões de euros, avança a «Lusa».
Trata-se do sexto ano consecutivo em que a riqueza cresce (...).
Entre os agregados familiares, a centésima parte mais rica (1%) detém 35% (mais de um terço) de toda a riqueza mundial e a milionésima parte, constituída pelos ultra-ricos (com mais de 3,5 milhões de euros em activos sob gestão), um quinto de toda a riqueza mundial, 14,8 biliões de euros. Ou seja, os agregados familiares considerados ricos (com pelo menos 70,5 mil euros em activos sob gestão) representam cerca de 18% de todos os agregados, mas detêm 88 por cento da riqueza mundial.
(...)
O relatório prevê para os próximos anos um crescimento da riqueza global em pelo menos 3% ao ano, ainda assim muito abaixo da média anual de 8,5% verificada entre 2002 e 2007.
(...)»

6 comentários:

Duarte disse...

Sónia, já reparou que o Paulo Portas volta e meia vem atacar o RSI? E já reparou no nível da argumentação dele? É do mais puro veneno populista. Realmente, é o que se chama bater no seguinho e atirar poeira para os olhos dos portugueses. Fala dos beneficiários como se fossem uma "cambada" de preguiçosos que passam a vida em cafés, quando o último relatório do RSI aponta para uma percentagem enorme de beneficiários que trabalha. Pessoas que cumprem com as suas obrigações e que levam uma vida honesta, mas que infelizmente são vítimas da má distribuição da riqueza em Portugal. O salário mínimo não chega para sustentar uma família. O RSI precisa de ser melhorado, sim, mas não na óptica do Paulo Portas. É de facto curioso a atenção que este senhor dá ao RSI.

S Guadalupe disse...

Do partido popular não se espera algo diferente. E ainda bem, ao menos sei o que pensam e o que defendem... o que me faz manter-me bem longe. Mas o discurso populista passa muito bem, até entre os nossos alunos (acríticos), e são muitos os que reproduzem estas ideias e juizos de valor.

Foi no mandato em que ele estava no poder, por iniciativa do PP, que RMG mudou para RSI e alterou a idade dos beneficiários (para não incentivar à preguiça dos jovens, dizia ele, que têm boa idade e corpo para trabalhar... enfim...) e passou a integrar as senhas de alimentação/racionamento ou lá o que é, o que é ridículo, mas que vem na mesma linha de pensamento... para que os pobrezitos não gastem no que não devem. É esta a lógica. E só engole quem quer! Preocupa-me é que há quem engula mais facilmente do que deveria. Isso é que me preocupa.

Leia-se este comentário com sarcasmos e ironia! É melhor avisar, antes que...

S Guadalupe disse...

Só mais um acrescento, para que se perceba bem a minha posição. A forma como me coloco no Serviço Social não é compatível com uma concepção conservadora na profissão. Respeito os conservadores, apesar de não concordar com as suas posições, que estão bem afastados dos valores que defendo para a profissão na sua relação com a socieddade. Os valores não são neutros, mas há quem se esqueça disso.

joaquim disse...

Nesta matéria partilho as vossas perspectivas. Mas levando ao extremo um certo pensamento, poderemos inferir, que o serviço Social seria incompatível com uma opção política partidária mais conservadora (diria PSD e PP)? Se assim for não estariamos também nós a violar principios e valores da liberdade de opção, que aliás pelo menos uma Instituição de Ensino de Serviço Social pratica de modo oculto, mas bem persecutório?

S Guadalupe disse...

Não... de todo. Uma profissão, como qualquer sector social, quer-se plural. E não confundamos os valores políticos com opções político-partidárias, até porque cada vez, no nosso espectro político, fará menor sentido fazer associações lineares. falava de ideias, valores. Uma coisa é ser-se plural, capitalizar a diferença para construir algo, outra coisa bem diferente é ser acrítico.

Eu, por opção, não sou apologista de valores conservadores, antes pelo contrário. Esta profissão, por opção, e note-se que já navegou noutras águas... mas seus os valores actuais, defendidos e veiculados nas concepções aceites actualmente (e não quer dizer que sejam melhores ou piores que outros...), dizia, optou por valores que se afastam em muito dos ditos conservadores. Por exemplo, quando se defendem direitos de cidadania e emancipação de populações não estamos a preconizar valores neutros, pois eles não existem, como disse antes.

Se há ou não discussão séria sobre isto é outra coisa. Nalguns contextos existe esta discussão. E é uma discussão bem interessante.

joaquim paulo silva disse...

Estou plenamente de acordo, e existe uma necessidade de aprofundar este debate como eixo central, evitando que em torno de temas como RSI se emitam opiniões (refiro-me a colegas) e não valorações que radiquem no quadro actual do Serviço Social(pelo menos minimo, pois há argumentos teóricos diferentes)e os argumentos se situem nessas perspectivas de cidadania, que não sendo neutrais, superam as opções partidárias, que não políticas claro.