16.12.08

apontamentos

Hoje ouvi algo inquietante. Fernando Ruas, presidente da Associação Nacional de Municípios, defende que os Municípios devem prescindir de parte dos seus planos para apoiar as famílias que enfrentam problemas nesta situação de crise. Defende ele que "para problemas locais, respostas locais". Este chavão faz-me muito sentido nalguns contextos específicos, mas neste????? Interrogo-me: os problemas emergentes (ou mais visíveis porque intoleráveis...) são problemas locais???? Manifestam-se localmente, certamente, pois as famílias vivem em locais... A acção compensatória de subsidiar rendas, fazer refeitórios sociais, distribuir alimentos, etc... resolvem o quê?
Por outro lado, ouvi, finalmente, alguém constatar o óbvio: o fio da navalha. Mário Soares ainda dá cartas no jogo político. E, a ser desta forma, ainda bem! A França de há 2 anos percebeu isso e reprimiu. A Grécia percebeu recentemente que qualquer facto despoleta o caos... e nós, teremos coragem? Os fenómenos globais são assim tão esmagadores da manifestação do povo ou necessitam de repostas globais, de acções globais desse mesmo povo? Este disco riscado que andamos a ouvir leva-nos onde? A maiores desigualdades sociais, pelo que estamos a perceber...

4 comentários:

Duarte disse...

Na minha opinião é importante territorializar algumas respostas de âmbito social. Creio existir ainda um centralismo nas políticas sociais, o qual requer alguma filtragem a nível local. Haverá aspectos a discutir melhor, mas actualmente não podemos falar em respostas sólidas a nível local. É claro que as autarquias no actual quadro de competências não podem fazer muito mais do que medidas a vulso. Algumas apoiam directamente os munícipes, um pouco à semelhança do que faz a segurança social (no caso de Lisboa a Sta. Casa), outras apoiam mais a nível institucional, outras criam alguns recursos como centros de apoio à população idosa e imigrante, por exemplo, mas de resto não possuem competência nem meios financeiros para ir mais além. Será que não valerá a pena apostar numa maior territorialização das políticas sociais? Obviamente que isto não poderia significar "cada cabeça, sua sentença", teria sempre de haver alguma coordenação salvaguardada pelo devido enquadramento legislativo, mas deixando espaço para alguma autonomia por parte das autarquias. É que um dos aspectos que é logo colocado em cima da mesa tem a ver com a maior capacidade de conhecimento das problemáticas locais por quem dirige e intervém em cada local e de por conseguinte, poder desenvolver medidas mais adaptadas a essa realidade. É essa aliás a ideia subjacente ao projecto da Rede Social, o qual por algum motivo se encontra adormecido na maior parto do país... Naturalmente há fenómenos de dimensão nacional e supra-nacional, mas também há muitos que variam de intensidade de local para local, já que as populações não são homogéneas. Deveria haver um maior equilíbrio entre todos os níveis, algo que não se verifica actualmente, dado o nível local se encontrar algo reprimido.

S Guadalupe disse...

Claro que há zonas mais afectadas pelo desemprego, p. ex., atendendo ao fecho de empresas, mas o problema é mais estrutural e global do que local... e não me parece que se resolva com acções compensatórias. Não que estas acções não sejam necessárias de quando em vez, mas numa situação destas não vislumbro soluções por essa via. Crescem as desigualdades e alguém se apressa a dar pão aos pobres coitados que estão individados... isto soa a algo com o qual não me identifico!

E, obviamente, não questiono a relevância da acção local... mas com outro fundamento e orientação.

Duarte disse...

Mas isso é o que eu acabei de dizer, é necessário outro fundamentação e orientação, mas é necessário e indispensável. Já agora, subjacente a esta questão estará o debate da regionalização e isso é uma questão política que deverá ser mais bem discutida.

S Guadalupe disse...

bem sei... estava a fazer mil coisas ao mesmo tempo: leitura diagnonal... sorry