Assistentes Sociais na TV II
01/02/2009 (TVI Repórter) "Sopa dos Pobres"
«A ideia de que quem o recebe é quem não quer trabalhar faz com que, muitas das 120 mil famílias que sobrevivem com esta ajuda tenham vergonha de assumir que são beneficiárias.
A verdade é que há beneficiários que nunca assinaram um plano de inserção e se tornaram uma espécie de profissionais da pobreza.
Os "subsídio - dependentes" vivem entre o Rendimento Social de Inserção e outras prestações sociais, mas nunca adquirem hábitos de trabalho e frequentemente enganam a Segurança Social.
Por outro lado, as famílias da classe média, que foram surpreendidas pela doença ou pelo desemprego dão um sentido real a esta medida e são cada vez mais.
"Sopa dos Pobres" é uma grande reportagem que faz o balanço do Rendimento Mínimo Garantido, dando a conhecer aspectos positivos e negativos, 11 anos depois dele ter sido criado.»
«A ideia de que quem o recebe é quem não quer trabalhar faz com que, muitas das 120 mil famílias que sobrevivem com esta ajuda tenham vergonha de assumir que são beneficiárias.
A verdade é que há beneficiários que nunca assinaram um plano de inserção e se tornaram uma espécie de profissionais da pobreza.
Os "subsídio - dependentes" vivem entre o Rendimento Social de Inserção e outras prestações sociais, mas nunca adquirem hábitos de trabalho e frequentemente enganam a Segurança Social.
Por outro lado, as famílias da classe média, que foram surpreendidas pela doença ou pelo desemprego dão um sentido real a esta medida e são cada vez mais.
"Sopa dos Pobres" é uma grande reportagem que faz o balanço do Rendimento Mínimo Garantido, dando a conhecer aspectos positivos e negativos, 11 anos depois dele ter sido criado.»
2 comentários:
Olá, desde já agradeço o post sobre a entrevista alusiva ao tema RSI.
Não tive oportunidade de ver, mas hoje foi tema no meu local de trabalho. Sou Assistente Social e felizmente encontro-me empregada, mas infelizmente apenas acompanho beneficiários de RSI. Digo infelizmente porque enquanto técnica "do terreno" cada vez me sinto mais indignada em relação a esta medida de Política Social. É uma medida injusta na medida em que por mais esforço que exista no sentido de capacitação e responsabilização para os percursos de inserção, como resposta ganham-se um número razoável de beneficiários dependentes de um subsídio que em alguns casos não combate o limiar de pobreza em que vivem e noutros, garante um nível de vida bastante aceitável.
Outras situações existem, onde é investido um grande esforço nas "estratégias de sobrevivência" como forma de contornar o sistema.
Obviamente que sai "prejudicado" aquele que se diz honesto e não se coibe de declarar os míseros biscates que faz, ou eventualmente o ordenado mínimo que recebe. Ironicamente é com esses ditos "honestos" que recebemos o alento para não desistir e de alguma forma acreditar na mudança de comportamentos.
As famílias cujo o trajecto é marcado por mais de 5 anos a receber RSI, são as que mais exigem dos serviços. Depositam nas "nossas costas" a responsabilidade de lhes arranjar um emprego, pagar-lhes o passe porque sem ele não fazem qualquer procura activa ou diligência, a integração dos menores em creche de perferência a título gratuito porque o subsídio "é pouco". Endividam-se tendo rendas baixas, ficam sem água e luz porque não pagam aos serviços competentes. E claro, tentam que lhes seja atribuído um apoio complementar para pagar aquilo que lhes compete. Por mais que se explique que a prestação não é um ordenado ou uma pensão, e que não substituí outras alternativas, é visto como o "rendimento que é meu por direito"! Na minha opinião (que vale o que vale), a intervenção fica comprometida quando na sua base está a responsabilidade de "dar ou tirar" dinheiro a alguém. É frustrante sentir que o cumprimento das acções é efectivado não porque trará benefícios (nem que sejam a médio/longo prazo), mas porque o incumprimento traz como consequência a cessação da prestação. Por outro lado, é triste uma grande percentagem ser absorvida em Programas Ocupacionais para Carenciados, mas na realidade contam-se pelos dedos o número de pessoas que foram contratadas e depois? Recaem novamente no RSI!
Assumir o "cargo fiscalizador" recuso-me, não foi com essa pretensão que exerço a profissão, mas honestamente acho que a aplicabilidade desta medida deveria ser revista e faria toda a diferença a atribuição estar definida no tempo, à semelhança de outros subsídios tais como a protecção no desemprego ou na doença.
Desculpe o desabafo, mas qualquer dia a nossa Segurança Social entra na bancarrota (espero que não)e aí não haverá rendimento para qualquer subsídio!
O RSI nunca poderá atingir a eficácia que se pretende porque o principal entrave está na nossa economia. Possuímos um tecido empresarial pouco desenvolvido e por isso o país produz pouca riqueza. Com isso há pouca capacidade para gerar postos de trabalho. Logo, um beneficiário mesmo que seja trabalho para a inserção no mercado de trabalho, não é garantido que tal aconteça, pois o emprego não é produto da política social, mas sim da economia. É absolutamente errado esperar que o RSI garanta trabalho. Não é ao RSI que se pode imputar essa responsabilidade, mas sim à política económica. Portanto, caímos numa "pescadinha de rabo na boca". Como é referido no comentário anterior, muitas vezes os beneficiários frequentam POC's que depois não têm continuidade, mesmo quando o percurso do beneficiário levou a um aumento das competências profissionais, isto é, das qualificações. É este o drama do RSI, mas mais drama é do sistema económico que não consegue ser a perna que falta no combate à pobreza. Então se muitas vezes através de medidas de política social até se consegue capacitar as pessoas, mas mesmo assim se mantêm no desemprego ou com emprego precário. Não podemos estar sempre a "bater no ceguinho" que neste caso são as políticas sociais, quando o cerne do poblema está na economia. Uma economia cuja generalidade das empresas só consegue pagar um mísero salário mínimo que não retira da pobreza ninguém. Sim, porque garantir que um beneficiário o máximo de expectativa que pode ter, salvo honrosas excepções, é um emprego precário com salário mínimo, é oferecer muito pouco. E os beneficiários sabem-no...
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