11.3.09

conversas de café precisam-se

Ouvir o que Medina Carreira disse ao Mário Crespo na segunda-feira foi ouvir alguém que tem a idade que tem, tem o estatuto que tem e se sente completamente descomprometido e à vontade para dizer o que pensa, sem rodeios. Claro que pode correr o risco de ser inconsequente... mas que o seja!
É de mais gente que não tem nada a perder nem a ganhar que precisamos que agite a insuportável leveza deste status quo.
Entrevista: parte 1 parte 2 parte 3

Fixam-se algumas frases-chave!

5 comentários:

prafrente disse...

Não tive tempo para ouvir a parte 3 mas para mim eu mandaria escrever numa tela gigante e espalharia pelo país inteiro "SOMOS UM PAÍS ONDE NINGUÉM CHEGA A HORAS"...
Este "chegar atrasado" está de tal forma arreigado no inconsciente colectivo português que, no tempo em que ainda se casava pela igreja, era de bom tom a noiva chegar ao altar várias horas depois de todos já estarem fartos de esperar...
É uma mentalidade transversal a todos os sectores da sociedade...infelizmente...

S Guadalupe disse...

Mea culpa. Eu tenho um problema crónico de 5 minutos de atraso... mesmo que chegue ao local umas horas antes... nunca consegui perceber porquê...

Duarte disse...

Não considero o Dr. Medina Carreira pessoa totalmente isenta relativamente ao problema (crónico) do desenvolvimento português. Aliás, nem o Dr. Medina Carreira, nem a maioria dos reputados economistas que muitas vezes com uma leveza impressionante, mas também preocupante, vão disparando os seus pareceres na comunicação social. A verdade é que com tanto economista conceituado, o máximo que conseguimos vislumbrar da parte deles em prol da coisa pública é uma intervenção de "treinador de bancada". No caso concreto do Dr. Medina Carreira, o mesmo teve uma passagem fugaz por um governo nos anos 80, se não estou em erro. Nestes 34 anos que levamos já de democracia, não se conhecem outros contributos de fundo para a coisa pública, para além dos comentários que vai repetindo ao longo dos anos como se de uma cassette se tratasse. Seria bom ver estes reputados economistas terem uma atitude mais pró-activa, pois, de facto, o principal problema do país reside na estrutura económica. Aliás, ao lado de muitos destes reputados economistas, coloco o empresariado português. São esses os principais actores da economia e não o Estado como muitas vezes se pensa.

prafrente disse...

5 minutos de atraso não será razão para uma consulta de psicanálise.Eu referia-me a muitos "cinco minutos" de atraso.Eu tenho colegas que entram na sala de aulas com muitos cinco minutos de atraso...porque estiveram tranquilamente a fumar no jardim, como se tivessem todo o tempo do mundo.

É claro que são os empresários,com a colaboração dos seus empregados, a produzir riqueza.Mas compete ao Estado uma função orientadora.O que acontece é que tanto o Estado como as empresas são constituidos por pessoas, neste caso portuguesas,que já nasceram eivados desta mentalidade pouco produtiva.O que o Dr Medina Carreira quiz dizer foi que "ou mudamos as regras do jogo ou entramos em colapso total com a consequente catástrofe social..."
O mundo precisa de um novo paradigma politico e económico.Espero que esse paradigma não nos seja imposto nem por "Hitleres"nem por "Madoffes".

Chegou o tempo das "vacas magras"...

S Guadalupe disse...

Duarte
Eu concordo com a situação de treinador de bancada e conheço alguma da obra do MC (na área das políticas sociais), assim como o seu cargo de ministro de finanças no pós 25 de Abril (num governo provisório 76/78 - fui verificar). Mas essa postura de treinador de bancada vinda de quem vem, ou seja, de alguém que neste momento não tem vinculação a interesses partidários, pode ter eco e u eco interessante. Ele dá-se ao luxo de dizer o que pensa, apesar de ser inconsequente. Prefiro os consequentes e os que encontram forma de lidar com as questões, senão é o "bota-abaixo", mas por vezes este também é necessário para fazer abanar consciências e fazer algum "sururu".

Daí o nome do post. Eu acho que foi uma conversa de café, mas "on" para quem quis ouvir... Ainda me ri um bocadito e tudo... riso triste, compreenda-se.