Serviço Social e Educação Social
Ontem registei o comentário a um post antigo sobre confusões de cursos e profissões (datado de 18/10/2008) que abaixo transcrevo, sobre a relação entre o Serviço Social e a Educação Social. A este propósito acrescento que pode suscitar reflexões interessantes o facto da European Association of Schools of Social Work assumir hoje esta confluência e uma designação que abrange também os educadores sociais: European Association of Schools of Social Work and Social Work Educators.
«Caros colegas,
Um Educador Social não é de facto, um assistente social, e ainda bem pois senão não faria sentido o seu trabalho multi e plurisciplinar que desenvolve com outros técnicos nomeadamente os assistentes sociais.
Um Educador Social intervêm numa lógica educacional, a sua metodologia base são a educação e o trabalho de competências sociais, pessoais e profissionais dos cidadãos com vista a criar a autonomia das pessoas nos seus processos de vida, permitindo-o crescer e aperfeiçoar-se enquanto pessoa e melhorando a sua qualidade de vida. De facto e temos de admiti-lo, que muitas das vezes as intervenções se confundem, até porque apesar das metodologias de intervenção serem diferentes, a àrea de intervenção (social) é a mesma.
O mesmo acontece ainda hoje com os Psicólogos e Psiquiatras. O importante na minha opinião é que ambas as profissões se unam precisamente para desenvolver as diferenças de ambas as profissões e isso passa por ambas se conhecerem bem.
Nós os Educadores Sociais licenciados, temos uma Associação Profissional, um sindicato e um grupo de trabalho e nesse sentido lanço um desafio; aproximar ambas as profissiões e associações para desenvolverem conjuntamente uma linha de orientação e de coadjuvação de trabalho com a finalidade de criar equipas multi e pluridisciplinares.
O problema ddas confusões de funções são provocadas muitas vezes por má coordenação de equipas, como por exemplo no RSI, em que saõ tantos processos, que acabam por ser divididos por técnicos e não por terem cada processo uma intervenção pluridisciplinar. Mas isso é um problema que já parte dos organismos superiores ou de quem coordena determinada equipa. Eu própria sempre trabalhei com colgas assistentes sociais e sempre soubemos muito bem distinguir e aproximar papeis para um trabalho mais enriquecedor.
Cabe ao educador social do RSI, entre outras funções:
- Estabelecer uma relação de proximidade e de confiança com a família e um conhecimento adequado das dinâmicas familiares;
- Estabelecer prioridades e criar condições para o envolvimento activo da família nas das acções que integram o programa de inserção;
- Apoiar as famílias, no processo de intervenção estimulando a participação de toda a família;
- Desenvolver autonomia nas tarefas do quotidiano familiar, numa perspectiva pedagógica e de suporte à sua realização, incorporando novas aprendizagens, com vista a uma melhor organização familiar e economia doméstica;
- Educar para a saúde e para os cuidados pessoais;
- Estimular e desenvolver com a família conhecimentos sobre as diversas áreas das competências familiares e sociais básicas;
- Promover integração grupal e social;
- Planear, organizar e desenvolver actividades na comunidade ou no domicílio;
- Incentivar os indivíduos a desenvolver a sua criatividade e inovação, entre outras.
O que acontece é que sendo a educação social uma àrea mais recente do que serviço social, leva a que muitos dos chamados "leigos" por um dos colegas do blog, pensem que os dois educadores sociais e os assistentes sociais são os mesmos téncnicos. Foi o que aconteceu de certeza com a informação apresentada no Jornal de Baralavento. Os Educadores Sociais, tem Estatuto, tem uma Associação Profissional e um Sindicato, que defende a sua identidade e nunca quererão tirar funções ou repeti-las quando estas são de outros profissionais. Nem quer tambem que outros o façam e isso tambem acontece. Como exemplo a àrea das Competências parentais, área iniciada pelos educadores sociais e que hoje se encontra a ser desenvolvida por vários interventores.
Saudações educativo-sociais,
Sílvia Azevedo
Presidente da Associação dos Profissionais Técnicos Superiores de Educação Social (APTSES), Membro da Direcção do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social, Docente da Licenciatura de Educação Social da Universidade Portucalense e Fundadora do Grupo 1 º de Trabalho Nacional de Educação Social (desde 2001)»
9 comentários:
A presidente da associação parece-me um pouco confundida e ainda atirou achas para a fogueira quando diz o seguinte (e não aparece transcrito neste blog): "Não me parece que estas sejam as funções de um assistente social". Isto é dito após enumerar a lista de funções aqui transcritas. Há de facto uma confusão de papéis por parte dos educadores sociais. Quanto a um possível estreitamento na relação entre ambas as profissões, tal como proposto pela European Association of Schools of Social Work and Social Work Educators, não conheço bem os contornos dessa proposta. O que me parece é que os assistentes sociais já cá andam há muito tempo e não têm de se sujeitar a acordos com profissões que desta forma tentam entrar pela "porta do cavalo" no espaço do Serviço Social, legitimando a sua posição em prejuízo deste. Para mim só há dois caminhos: ou os educadores sociais vincam de forma clara uma intervenção que seja diferente - e da lista proposta pela presidente da associação dos educadores, não me parece que isso aconteça - ou então não faz sentido existir uma profissão de nome diferente mas que não se consegue diferenciar e aí mais vale abolir a formação em educação social e passá-la a serviço social, tal como aconteceu (embora sejam situações diferentes) com Política Social ou com a licenciatura em educação e intervenção comunitária que com Bolonha passou, curiosamente, a educação social. Sou contra o excesso de formações na área das ciências sociais e humanas que se verifica actualmente. Não é útil e só cria confusões no mercado de trabalho. E temos sido nós, assistentes sociais, os principais prejudicados. Realmente, faz falta uma ordem nesta desordem...
Será fundamental mais e melhor discussão para traçar fronteiras e definir complementaridades. As fronteiras são ténues e isso dá azo a enormes confusões.
No caso de um verdadeiro trabalho em equipa, os educadores sociais deveriam estabelecer estratégias de intervenção socio-educativas junto de utentes e de comunidades, de acordo com o diagnóstico social efectuado pelo assistente social.
Sabemos, no entanto, que a coexistência em equipa, destes e de outros profissionais, nem sempre é proporcionada pelas organizações. Neste sentido, as funções assumidas efectivamente pelos educadores sociais e assistentes sociais quando são os únicos técnicos da organização nesta área do trabalho social, acabam por invadir as tais fronteiras profissionais, necessariamente.
A legítima aspiração de uma ou de outra profissão é constantemente colocada em causa, na quotidiano profissional.
Há, de facto, que trabalhar no sentido da complementaridade e não da sobreposição.
"não se justifica uma discussão tão grande por causa da distinção destes dois cursos, já se sabe que se assemelham, aliás, estes profissionais podem e devem trabalhar em conjunto em equipas de trabalho com outros profissionais. Os objectivos são os mesmos contudo, os métodos são diferentes. Um Educador social tem mais contacto com as pessoas do que um assistente social e envolve algumas áreas como a animação socio-cultural(penso que um assistente social não faz animação mas corrigem.me se estiver enganada) que o serviço social não tem, bem como a formação cívico-social, a educação especial entre outras. É preciso ver que tal como o nome indica o curso educação social tem uma vertente mais educativa e é essencialmente isso que o distingue do serviço social."
Concordo plenamente com a Dra. Marta.
É importante não fomentar ou fortalecer correntes, pelo contrário, necessário é unir esforços para quebrar essas mesmas correntes. Antes de gastar tempo em derreter profissões, porque não melhorar aquela(s) em que cada um se posiciona, refletir sobre as suas próprias práticas, sobre os seus paradigmas, sobre o seu saber fazer, porque não criar correntes de interação profissional, de trabalho em rede…
Se os Assistente Sociais são agentes potenciadores de mudança na sociedade, o que fazem os Educadores Sociais, se os Educadores Sociais criam condições para a melhoria da condição de vida das famílias e comunidades com quem trabalham, o que fazem os Assistente Sociais … no entanto o Educador Social “intervém numa lógica educacional a sua metodologia base são a educação e o trabalho de competências sociais, pessoais e profissionais dos cidadãos”. Os Assistentes Sociais têm, no entanto, saberes, competências, métodos e técnicas de intervenção específicas.
Entendo que nos dias que correm não faz sentido perder tempo, e repito perder tempo, com comparações. Importante é cada um saber ser e estar na sua própria profissão. Importante é cada um ter a capacidade de saber posicionar-se, saber ocupar o seu lugar e crescer em complementaridade.
Termino com um desabafo: espero continuar a crescer profissionalmente e a intervir com qualidade em estreita articulação com Educadores Sociais e com todas as áreas que sejam necessárias para garantir a qualidade efetiva da nossa intervenção permitindo, desta forma, realizar um verdadeiro Serviço Social.
Saudações Sociais
Carlos Pinto
É importante não fomentar ou fortalecer correntes, pelo contrário, necessário é unir esforços para quebrar essas mesmas correntes. Antes de gastar tempo em derreter profissões, porque não melhorar aquela(s) em que cada um se posiciona, refletir sobre as suas próprias práticas, sobre os seus paradigmas, sobre o seu saber fazer, porque não criar correntes de interação profissional, de trabalho em rede…
Se os Assistente Sociais são agentes potenciadores de mudança na sociedade, o que fazem os Educadores Sociais, se os Educadores Sociais criam condições para a melhoria da condição de vida das famílias e comunidades com quem trabalham, o que fazem os Assistente Sociais … no entanto o Educador Social “intervém numa lógica educacional a sua metodologia base são a educação e o trabalho de competências sociais, pessoais e profissionais dos cidadãos”. Os Assistentes Sociais têm, no entanto, saberes, competências, métodos e técnicas de intervenção específicas.
Entendo que nos dias que correm não faz sentido perder tempo, e repito perder tempo, com comparações. Importante é cada um saber ser e estar na sua própria profissão. Importante é cada um ter a capacidade de saber posicionar-se, saber ocupar o seu lugar e crescer em complementaridade.
Termino com um desabafo: espero continuar a crescer profissionalmente e a intervir com qualidade em estreita articulação com Educadores Sociais e com todas as áreas que sejam necessárias para garantir a qualidade efetiva da nossa intervenção permitindo, desta forma, realizar um verdadeiro Serviço Social.
Saudações Sociais
Carlos Pinto
Certamente tudo isso tem que vir junto. Temos de reduzir os índices de desigualdade. Precisamos aumentar as oportunidades de trabalho. Para isso, temos de melhorar a qualidade de eneseñanza, mas também proporcionar melhores oportunidades de emprego e condições sociais, para que as crianças possam prosperar. Que todos tenham acesso aos hospitais, como amil e centros de bom serviço.
www.facebook.com/rogerio.actor
Eu iniciamente fui de Educaçao Social e mudei para outra faculdade que seria para continuar, mas acontece que essa mesma faculdade para a qualqul me transferi tinha curso aberto,mas sem professores e alunos, ate que, 7 meses depois tive de ir para serviço social.
Acho injusto com o Assistente Social, pois o mesmo estuda 4 anos e o Educador Social, em minha cidade estão oferecendo curso de apenas 3 meses.O que me falam disso? Pq pra mim os dois são a mesma coisa. Por favor quem souber diferenciar e me explicar eu agradeço.
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