24.4.09

uns genérico nada genéricos

Não, não é este o país com que sonho...

Claro que é imoral que alguém não consiga ter acesso a medicação de que necessita por falta de rendimentos. Claro que é lamentável a situação de milhares de idosos que, atendendo às frequentes polipatologias, ficam com rendimentos reduzidos a nada por causa da receita que têm de aviar... ou a situação dos que pedem para ficar a dever, ou levar apenas uma parte. Enfim, é óbvio que é lamentável!
Noutras circunstâncias, ou seja, na defesa de um SNS (tendencialmente) gratuito, até me parecia muito interessante a iniciativa do governo de atribuir uma comparticipação a 100% dos medicamentos, mas com os argumentos que se apresentam, lamento esta opção.
Se é obsceno assumir este cenário, de pessoas cujas pensões não permitem concretizar o seu direito à saúde, mais obsceno ainda é ponderar esta opção como a solução.
Toda a política é opção! E esta opção tem pouco de interessante. Se assumimos que há pessoas em desvantagem social por causa do valor da pensão ser baixo: AUMENTEM as PENSÕES. Aliás, uma das únicas saídas apontadas por Bruto da Costa para a situação de pobreza dos idosos do nosso país.
Com pensões mais elevadas, as pessoas poderiam optar na compra do medicamento, assim como qualquer cidadão. Eu concordo inteiramente com os genéricos, atenção, mas assim vão ser obrigados a comprar genéricos e não poder optar comprar a sua marca habitual do medicamento X. Ou seja, vamos transformar os genéricos em medicação para os mais pobres...
Mas se a medida não é para resolver mas para remediar, remediados estamos!
Mais tarde volto ao assunto!

2 comentários:

Duarte disse...

Muitos parabéns. Concordo consigo. Aliás, aos idosos só lhes "damos" migalhas, paliativos. Foi o CSI (esse bluff) e agora isto. Uma vez mais não se ataca a raíz do problema. É alías uma situação comum à do salário mínimo que atira para a pobreza tantos trabalhadores. Sim, disse bem, trabalhadores. Porque infelizmente em Portugal, ter trabalho não garante a um cidadão estar livre da pobreza. É ver tantos beneficiários do RSI que, apesar de trabalharem honestamente, o que recebem não chega. Também para esses, medidas como o RSI são meros paliativos. Políticas sociais que são uma geram perversão, não podem servir ao dsenvolvimento social de um país que se quer democrático. E no caso dos genéricos, faltará pouco para que fiquem conhecidos como os remédios dos pobres. Como aliás, está a acontecer com o próprio SNS.

S Guadalupe disse...

Pois, é isso mesmo que penso e que ando sempre a "pregar"!

Se Portugal não valoriza o trabalho e a protecção social geral não vai a lado nenhum. E ainda estou a ver isto a piorar com o discurso da crise! Ando cada vez mais pessimista com esta conjuntura... e com o que estamos a passar para as gerações futuras.