14.5.12

"com naturalidade"

O Primeiro Ministro disse ontem que via esta situação "com naturalidade". Poderia manifestar, sei lá, preocupação. Mas não, vê a "situação com naturalidade". Pois bem, enquanto virmos a pobreza como algo "natural", naturalmente não agiremos para que esta desigualdade estrutural deixe de persistir e de engrossar.


http://www.tvi24.iol.pt/aa---videos---economia/rsi-beneficiarios-rendimento-minimo-agencia-financeira/1348047-5797.html

6 comentários:

LF disse...

Boas tardes!
Em primeiro lugar, diria que as contas deste governo e mais particularmente do Mota Soares vão sair furadas! Pois, era este mesmo que queria poupar 70 milhões de euros em 2012 no âmbito do RSI!!! Difícil observar mais demagógico e mal preparado...mera retórica política partidária e ideológica...à semelhança de outras (do arco do poder e não só....)!!! Pois e aí concordaria com Passos Coelho: com o aumento contínuo dos desempregados e a dificuldade de inserção daqueles que já estavam à procura de emprego, é "com naturalidade" (aqui com muitas aspas!) que o número de beneficiários de RSI iria aumentar...de forma preocupante.
Como é óbvio e de acordo com a S. Guadalupe, a pobreza é e será tudo menos "natural" mas social e politicamente produzida, controlada e até diria maquiavelicamente doseada...ao sabor das conjunturas sociopolíticas e económicas. Na minha qualidade de assistente social, sinto claramente que sou mais um elemento de controlo e estabilidade social e política; o que importa não é a melhor distribuição dos recursos e diminuição dos fenómenos de desigualdade, pobreza e exclusão social...o que importa é "anestesiar" a revolta das pessoas que se encontram em situação de carência económica, sem esperança e em situação de desespero. Talvez eu esteja quotidianamente a pactuar com o "Diabo" ao idealizar que tento minimizar os danos e tento assegurar o mínimo de bem estar...pensado com eles num futuro mais digno e confortável…
luis

Duarte disse...

O país em polvorosa com greves e manifestações de classes profissionais. Mas são sempre os mesmos! Enfermeiros, professores, médicos, advogados. São sempre os mesmos grupos. E se os assistentes sociais fizessem o mesmo, como seria? O que é que reinvidicaríamos, de que nos queixaríamos? Com certeza motivos não nos faltam. Não temos, no entanto, cultura de classe, nem sindicato. Queixamo-nos entre nós, mas tudo fica por aí...

S Guadalupe disse...

Tem toda a razão, mas acho que uma greve de zelo daria para empancar tudo... estranhos e insuportáveis tempos estes...

LF disse...

Boa noite!
Posso estar mal informado mas não me parece que as reivindicações dos professores tenha tido um eco ou resultados assim tão relevantes...o que faz a ordem dos psicólogos? Também há precariedade na classe dos enfermeiros, dos advogados...e tantos outros sectores! Isto não vai lá com a Ordem dos AS! Penso que terá de ir com uma melhor formação dos aspirantes a assistente social...adquirirem uma verdadeira consciência social e política! Farto de AS que tem uma formação académico - e por vezes pessoal! - de base tão frágil e estéril! (sem querer parecer moralista ou iluminado!) Acho que o país ainda está longe de estar em polvorosa (ver Grécia ou Espanha). Queixo-me, de facto, do estado de coisa mas não colocou a tónica nos outros...mas na nossa própria incapacidade - enquanto classe profissional infiltrada por outros profissionais com outra área de formação (cristalino!) - em fazer nosso DEVER de forma eficiente e consciente, num desempenho à escala micro (embora seja um esforço em vão e com efeito multiplicador insignificante). Por não achar que consigo alcançar uma escala maior penso em tentar pelo menos "chatear" os meus pares e "exigir-lhes" que tenham sentido de responsabilidade...e que tenham um desempenho à altura das necessidades de um presente muito complexo (globalização / primado da economia), incerto e inquietante!

S Guadalupe disse...

Inquietam-me muito muitas coisas. Inquieta-me a passividade geral... sobretudo pelo que estamos a permitir que se faça... gostava que cada profissão pensasse menos na sua situação e pensasse mais na situação social do país, que é de todo(a)s. Estamos a compactuar com situações intoleráveis, com mais ou menos gritaria...

Duarte disse...

Concordo com o LF no que respeita às questões ligadas com a formação dos AS, embora nas outras profissões a que me referia também aconteça este problema (com 40 licenciaturas em psicologia, umas 50 em enfermagem, outras tantas em direito, e outras que tais...). Mas de facto reconheço que a formação em Serviço Social é hoje uma realidade um tanto ou quanto turva. Desconheço que coordenação existe, que base comum, que qualidade no corpo docente, sobretudo, docentes formados em Serviço Social (espero que já não existam exemplos como os que existiram há uns anos de licenciaturas em Serviço Social que não tinham um único formado na área!). A Sónia de certeza sabe mais deste assunto. Quanto à invasão das outras profissões, também temos de nos queixar de colegas que ocupam cargos de chefia em diversas entidades e são permissivos. Mas é um problema que vai acontecendo e que para muitos já é normal. Já estive em reuniões em que a designação de "trabalhadores sociais" dava para tudo e assim se legitima como quem não quer a coisa este problema. Se a Ordem mudaria isto? Provavelmente não, pelo menos a curto-médio prazo. No entanto, que nos falta um interlocutor privilegiado com as autoridades, lá isso falta. A APSS tem trabalhado muito, mas juridicamente não é uma ordem, nem um sindicato... Depois, a questão (provável ou não) de obrigatoriamente TODOS ficarem agregados a uma entidade em comum, seria uma pedrada no charco. Existe demasiado alheamento da classe e se calhar só à força é que isto pode começar a mudar.