8.6.06

a responsabilidade e o imprevisível

Lidar com situações que tentam antecipar actos é altamente complexo e não se compadece com a estruturação do trabalho experimentado até agora nas CPCJ. Isso já sabemos! Há que alterar procedimentos e aprofundar a formação dos agentes (e, obviamente, falo não apenas dos Assistentes Sociais). Ainda assim, não existe mundo perfeito! Nem com um nível de controlo social apertado (ao qual desejaria que ninguém estivesse aguma vez sujeito - num "mundo efeito") as situações graves e danosas de seres humanos sobre seres humanos, deixariam de acontecer. Ninguém deseja viver intensamente o "arquipélogo carcerário" ou o "panóptico" apresentado por Foucault, mas vive... à nossa maneira!

Excesso de confiança ou a tradição dos brandos costumes não pode ilibar técnicos que são formados (?), ou deveriam sê-lo, no sentido de estipular um prognóstico social das situações que indique o nível de risco a que um dependente está sujeito.

Falta definir o que é uma situação previsível e qual o nível de responsabilidade. E haverá sempre contornos que fogem à definição a priori, pois a crueldade ultrapassa o previsível.
O exercicío de responsabilidade implica habilidade e há situações mais imprevisíveis que outras.

1 comentário:

Sofia Melo disse...

há muitos factores que levam a estas situações - mas os prendem-se, concordo, com a falta de formação de todos os intervenientes nos processos de protecção de menores em risco, e, sobretudo, falta de consciência e responsabilidade sociais. quem trabalha no terreno, tem mais consciência, talvez, das suas limitações e das situações que têm que acautelar; o pior é quando subimos a instâncias superiores (Min público, tribunais, polícias, por exemplo), no decorrer destes processos - zero em consciencialização para os problemas que os menores enfrentaram, enfrentam e continuarão provavelmente a enfrentar... resultado: soluções desadequadas e muitas vezes prejudiciais para os menores.