9.4.08

Os beneficiários do RSI

«As pessoas que beneficiam do Rendimento Social de Inserção (RSI) ascendiam a 315 935, em Fevereiro último, o que representa um aumento de 29 772 em relação àqueles que se encontravam nesta situação no mesmo mês do ano passado. Mais de metade destes beneficiários – ou 66 por cento – são trabalhadores no activo cujos baixos salários não chegam para fazer frente a todas as despesas.
Grande parte dos beneficiários individuais deste apoio social, 120 541, tem menos de dezoito anos. As mulheres são quem mais recorre ao subsídio, totalizando 168 616 beneficiárias em Fevereiro último, de acordo com as estatísticas da Segurança Social.
O número de famílias que recebe este apoio social também aumentou significativamente entre os meses de Fevereiro de 2007 e deste ano. Segundo os dados do Ministério tutelado por Vieira da Silva, os agregados familiares com RSI ascendem aos 113 222, o que representa um aumento superior a dez mil face ao mesmo mês do ano passado.
A maioria dos agregados beneficiários de RSI são famílias nucleares – ou seja pai, mãe e filhos – que ascendem a 33 568. Mas as famílias monoparentais constituem já uma grande fatia deste bolo, com 23 697 beneficiários.
O relatório de execução do RSI referente ao ano passado, que se encontra em apreciação pela Comissão de Acompanhamento do Rendimento Social de Inserção, revela que mais de metade daqueles que usufruem deste subsídio são trabalhadores com baixos salários. Quase 32 mil beneficiários indicaram ter rendimentos provenientes do trabalho, outros 27 mil declararam pensões e perto de 35 mil revelaram possuir outros rendimentos.
Note-se que, para se ter direito ao RSI basta que o rendimento seja inferior à pensão social, que no ano passado era de 177,05 euros (e que no corrente ano é de 181,91 euros).
Para o presidente do Instituto de Segurança Social, Edmundo Martinho, estes números apenas demonstram que os programas de inserção estão a funcionar, sobretudo para reforçar as qualificações daqueles que usufruem deste apoio.»

7 comentários:

S Guadalupe disse...

Eu pergunto muito frequentemente aos meus alunos que expectativa de sucesso e de saída do ciclo vicioso temos nós hoje em dia para oferecer a estas pessoas???

... já que nem os técnicos que as acompanham têm situações que acautelem o seu próprio futuro (com vidas "diretitinhas", investimentos na formação etc) ou expectativas de futuro risonhas...

Que raio de sociedade estamos a promover?!
Se o valor do investimento pessoal e do trabalho nada gerantem... que valores promover??

Desculpem, mas como estou novamente com uma valente faringite (recaída)... devo estar deprimida!!!

JC disse...

Olá cara colega Guadalupe, é importante perceber sem dúvida! de que as medidas por si, não resolvem totalmente os problemas mas sem dúvida que o RSI têm permitido a muitas familias portuguesas viverem com o minimo de dignidade humana e tb proporcionar a inserção de muitas quer ao nível do emprego como noutros ambitos menos comentados mas de igual importância.

JC disse...

No que diz respeito a nossa capacidade de resposta, é importante sermos o mais racionais possíveis, e termos sempre presente que ajudar a construir/definir um projecto de vida demora o seu tempo e é preciso respeitar esse tempo, não devemos criar "sídromes de frustação" para nós porque não nos vão ajudar na motivação que necessitamos para o nosso trabalho.
Penso eu!

S Guadalupe disse...

José Carlos, sou defensora de uma política de rendimentos mínimos, no entanto, no plano actual... não vejo como esta política promove positivamente a mudança especificamente na situação sócio-profissional.

Já confessei estar num dia mais negro...normalmente sou até muito optimista...
Mas, o problema é que actualmente, melhor formação não significa melhorar as expectativas de sucesso. O desemprego e o emprego precário dominam as novas gerações de pessoas superiormente formados. São gerações filhas de gerações que não tiveram oportunidades de estudar. Quiseram que os seus filhos estudassem para que tivessem uma vida melhor que a sua... e... a prática está a provar-lhes que afinal não vale a pena.
Que mensagem está esta a sociedade a passar às novas gerações.

E este exemplo é relativamente a pessoas da chamada "classe média".

O problema actual do RSI prende-se com o seguinte, na minha singela opinião: as pessoas que incorporam os valores do trabalho não conseguem ascender socialmente por essa via, graças ao trabalho precário ou paralelo que não lhes permite sequer ganhar mais do que podem, por direito, auferir através da protecção social. Isto é problemático: o valor social do trabalho prova que não garante o que deve garantir e perde-se enquanto valor social...

Era só uma reflexão para alertar para os riscos que estamos a correr!

JC disse...

Olá Guadalupe é sem dúvida um problema actual que se deve na minha prespectiva a conjuntura economica presente, o mercado de trabalho e a sua oferta está um pouco desajustada relativamente a oferta de formação, era realmente muito importante que os responsáveis politicos investissem mais nesta questão, tentando de alguma forma regular a situação produzindo um maior equilibrio entre estes factores.

S Guadalupe disse...

Hoje vai haver uma interpelação ao governo sobre “precariedade laboral e social” por parte do BE...

S Guadalupe disse...

Infelizmente este tipo de considerações não vem só por via da ignorância, mas também pela via política...

http://www.tsf.pt/online/economia/interior.asp?id_artigo=TSF190578

«CDS-PP questiona ministro sobre Rendimento Social de Inserção
O CDS-PP vai questionar o ministro do Trabalho sobre o Rendimento Social de Inserção que estará, na opinião de Pedro Mota Soares, a ser atribuído a pessoas que poderiam estar a trabalhar. Os centristas dizem que este rendimento deve ser aplicado com «conta, peso e medida».

(TSF 09:52 / 10 de Abril 08)

O CDS-PP vai questionar, esta quinta-feira, o ministro do Trabalho sobre a temática do Rendimento Social de Inserção, que, na opinião dos centristas, está a ser atribuído a pessoas com capacidade para estarem no mercado de trabalho.

«Quantas pessoas entre os 18 e os 30 anos que não são mães solteiras, que não têm deficiências profundas que as impossibilitem de trabalhar estão neste momento a receber Rendimento Social de Inserção?», questionou-se Pedro Mota Soares.

Em declarações à TSF, o deputado perguntou ainda qual é a verba que estas pessoas estão, em média, a receber do Estado e quantas ofertas de trabalho tiveram ao longo dos últimos seis e 12 meses e quantas é que recusaram.

«São perguntas muito concretas e muito simples de quem apoia as prestações sociais, mas acha que no caso do rendimento mínimo deve ser empregue com conta, peso e medida», concluiu Pedro Mota Soares.

Ouvido pela Lusa, este parlamentar recordou que esta situação se passa ao mesmo tempo que «os reformados com a pensão mínima tiveram o seu menor aumento em 33 anos de democracia».

No seu requerimento, Pedro Mota Soares e a deputada Teresa Caeiro basearam estas suas perguntas nas conclusões apresentadas pelo Relatório Anual da Comissão nacional do Rendimento Social de Inserção. (...)»