Sublinhados
Ficam alguns excertos do texto referido no post anterior:
"O número de vagas de acesso à licenciatura em SS não tem deixado de crescer. Em 1993/1994 5 cursos apresentavam um total de 570 vagas (Martins e Coutinho, 1995: 49). Em 2007/2008 20 cursos oferecem 1208 vagas, atingindo-se o valor mais elevado em 2006/07 com 1433. Em 15 anos a oferta cresceu na ordem dos 212%" (Martins & Tomé, 2008:6).
(...)
"Até 1992 diplomaram-se 4540 AS (Martins e Coutinho, 1995: 50). De 1993 a 2003 formaram-se 4770 e entre 2004 e 2006 25017, o que dá um total de 11811 Assistentes Sociais diplomados em Portugal. Assim, a taxa de evolução dos diplomados em Portugal de 1992 a 2006 é de 260,2" (Martins & Tomé, 2008: 7).
(...)
"A formação em SS desenvolve-se até ao século XXI, exclusivamente, no âmbito do privado universitário, ao contrário do que se passa na maioria dos países europeus e em geral, ao nível internacional em que o direito à educação pública não excluiu esta área do conhecimento. (...)
Assim, como entender o surguimento tardio do ensino público em SS? Sendo a conjuntura sócio-política de crise do Estado Social com a tendência para a privatização crescente do ensino e o aumento da contribuição dos alunos e das suas famílias para o custear, como entender que o SS se tenha expandido precisamente nesse contexto tanto ao nível universitário como politécnico?" (...) (Martins & Tomé, 2008:9).
Assim, como entender o surguimento tardio do ensino público em SS? Sendo a conjuntura sócio-política de crise do Estado Social com a tendência para a privatização crescente do ensino e o aumento da contribuição dos alunos e das suas famílias para o custear, como entender que o SS se tenha expandido precisamente nesse contexto tanto ao nível universitário como politécnico?" (...) (Martins & Tomé, 2008:9).
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2 comentários:
É preocupanto a situação actual da formação em SS. Este crescimento tão repentino do número de cursos fez-se sem qualquer estudo prévio por parte de quem supostamente regula o ensino superior em Portugal. Assim se vê não haver qualquer regulação. O SS parece ter sido a última área a ser afectada por esta desregulação e segue o exemplo de áreas como a psicologia, direito, sociologia, ensino básico, etc. Era o último reduto da área das ciências sociais e humanas em que ainda se verificava uma situação confortável em termos de empregabilidade. As universidades ganham com o elevado número de cursos superiores, pois garantem propinas e emprego para os seus docentes. Os alunos e futuros licenciados e respectivas famílias é quem perde. Há que ajustar as necessidades do mercado de trabalho à oferta de formação. No caso do SS a situação é ainda mais grave porquanto se constata o aumento da formação na área social por via do aparecimento de outros cursos, de certa forma, sucedâneos do Serviço Social, bem como, de cursos que não deveriam constituir ameaça como é o caso da psicologia e da sociologia, já que existem cada vez mais casos de autarquias e IPSS que colocam profissionais dessas áreas a desempenhar um conteúdo funcional pertencente ao do assistente social, não se verificando, curiosamente, o contrário. Se ao menos não se verificasse a confusão entre profissões, talvez a situação não fosse tão grave e desse para conviver bem com 20 licenciaturas em SS. Mas se juntarmos 40 em psicologia, 30 em sociologia e mais alguns cursos como: educação social/comunitária; aconselhamento psicossocial; reabilitação e inserção social; desenvolvimento social e comunitário; animação social; gerontologia social...; facilmente se compreende as dificuldades crescentes no mercado de trabalho para os assistentes sociais. Só podemos agradecer aos sucessivos governos que têm revelado uma enorme inércia perante este problema.
Esta é, de facto, uma área de enorme desregulação...
Não vejo, ainda assim, numa perspectiva geral, que tenha de ser o mercado a ditar as necessidades no ensino. Há áreas em que não podemos pensar assim, sob pena de acabarem cursos fundamentais. Aliás, a ideia de Univertsidade estaria colocada em causa.
Mas o caso de Serviço Social tem sido exemplo de contraciclo a todos os níveis...
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