28.5.09

um relatório, duas decisões contrárias

Foi este o meu entendimento decorrente do debate sobre o "caso Alexandra" no "aqui e agora" (SIC). Os assistentes sociais nestes casos são uns dos alvos preferidos das críticas, já o sabemos há muito. Desta vez, embora não representando a profissão mas a sua tutela, esteve presente no debate o colega Edmundo Martinho que elucidou alguns aspectos. Ainda assim o fecho do debate acabou com mais um conjunto de acusações.
De facto, os assistentes sociais tomam todos os dias decisões e suportam decisões que têm implicações muito relevantes (e por vezes irreversíveis) na vida de pessoas. Também é certo que há limites na avaliação. Há ainda que saber separar o relato de determinada situação e o seu juízo valorativo. O diagnóstico social relata a construção que se faz de uma dada situação-problema sustentado numa compilação de indicadores críticos. O que se faz com a informação é outra história...
Compreendo bem que a opinião pública questione os assistentes sociais e a sua intervenção. Só revela que está atenta e exerce a sua cidadania... não quero viver num país apático! Enquanto cidadã exigente também o faço relativamente a outros profissionais quando se trata de casos públicos. Só lamento é que não nos chamem mais vezes para esclarecer a opinião pública. Temos de trabalhar (e muito) para mudar esta situação de exclusão a que acabamos por estar votados. Até me apetece brincar e apelidar os assistentes sociais como "excluídos dos media"


6 comentários:

Paulo Moringa disse...

http://portadaloja.blogspot.com/
Aqui encontramos uma "visão" esclarecida destas mundivivências.

S Guadalupe disse...

Entendam o post como (mais um) desabafo... Agora há responsabilidade em agir e há que avaliar a melhor maneira...

Paulo Moringa disse...

http://www.100nada.net/sobre-a-miuda-russa/2009/05/20/#comments

Sónia, mais um sítio a visitar, penso eu.
Sim, o seu post tem "alma" de AS, claro, entende-se isso. Mas tem também auto-reflexão com interesse para as(os) AS.
Abstraíndo-nos do caso da criança o problema não é tomar decisões com influência na vida dos outros. Isso tem que acontecer. O que se deve é tomar as dcisões certas com influência positiva para a suas vidas.Aí é preciso saber e Sabedoria. Por isso, os AS têm de ser bons. Não é preciso aparecer nos média. Bastará que a APSS o faça publicamente e de forma eficaz marcando a posição dos AS.
Desculpe, o comentário já vai longo.

S Guadalupe disse...

Esta, assim como outras, é uma profissão com limites e potencialidades... e assim são as suas intervenções. Assim como ser juiz. Ninguém prometeu que seria fácil... e não se adivinha o futuro. Esta é uma área muito sensível...

Aparecer nos media é fundamental hoje em dia, mas não aparecer por aparecer... aparecer para contribuir para o rigoroso esclarecimento das pessoas.

A APSS ainda não consegue ter a organização que permita posicionar-se eficazmente e em tempo útil, mas há que trabalhar nisso, sem dúvida é prioritário (tem estado a trabalhar nisso!!!). E não basta posicionar-se, há que alguém dar voz às posições. E essa parte é que é a difícil! É aí que falo em exclusão.

Fico sempre com a sensação de que é mais uma oportunidade perdida para explicar às pessoas a complexidade destes casos, da sua avaliação e da intervenção... não para nos protegermos enquanto classe, mas com fins mais nobres... favorecer uma opinião informada e promover a cidadania.

Conceição Meneses disse...

No banco dos 'réus' da espécie de julgamento que foi este programa, não se encontrou apenas o juíz (a Justiça?) de que tanto se tem falado . A seu lado, e sem novidade, também os seus 'cúmplices', que, a ver da maior parte da opinião pública, serão os AS. Pelo que tenho lido, só poderei tirar a mesma conclusão que serviu de título a este seu desabafo, mas 30 minutos de emissão foram claramente insuficientes para que isso fosse esclarecido pelo único representante da profissão. Ainda que na tal atitude defensiva de que, com tom algo pejorativo falava Eduardo Sá. Se Edmundo Martinho não teve tempo e espaço para o fazer esta noite, que o conquiste a APSS. E desta feita, sem esperar por mais um caso mediático que ponha Portugal inteiro a mirar uma árvore, sem conseguir alcançar a floresta.

Apesar da longa 'insistência', aproveito para lhe dar os parabéns por este espaço!

alfredo henríquez disse...

O Drama maior deste frente a frente é a ignorância do antigo bastonário da ordem dos advogados, hoje remetido a candidato de um clube desportivo.
Como todos sabemos, a legislação sobre o menor (leia-se tribunais de menores)é fruto recente da acção concertada de movimentos progressivos liderados por Jane Addams 1898)sobre a questão social (contra a exploração Infantil)e, sobretudo, para erradicar a ignorância dos juristas que nem possuiam informação da psicologia, da pedagogia nem da sociologia. Deveria consultar o livro de Rosa Tomé.
Penso que os assistentes sociais devem revalorizar a sua história e cuidar o seu património como uma cidadania plena totalizante.

alfredo henríquez