família: lentes transculturais
Quando nos obrigamos a usar uma lente transcultural na intervenção social, pensamos em multiculturalismo, associando esta ideia a pessoas oriundas de culturas distantes. MAS, em concreto lidamos todos os dias com pessoas nascidas e criadas como nossos vizinhos, que partilham connosco a nacionalidade e naturalidade, mas cujas ideias nos fazem crer que vivemos em planetas distintos. Hoje, ao ouvir uma parte do fórum da TSF sobre família e casamento (a propósito da proposta do conselho de ministros sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo), senti isso claramente. Será que eu sou de outro planeta ou a maioria das pessoas que ouvi é que são? De planetas diferentes somos de certeza! Eu esforço-me muito por RESPEITAR outras ideias, outras concepções de vida, etc., mas não deixo de ter a ideia de que não quero aquele quadro para mim! Outras molduras enformam o que perspectivo como sociedade, que não as que me remetem para cheiro a naftalina. Será possível alguém hoje identificar-se com as ideias do antropólogo Peter Murdock de 1949, na sua famosa definição de família?: “A família é um grupo social caracterizado por residência comum, cooperação económica, e reprodução. Inclui adultos de ambos os sexos, pelo menos dois dos quais mantêm um relacionamento sexual aprovado socialmente, e uma ou mais crianças, próprias ou adoptadas, dos adultos que coabitam sexualmente”.
Pensem em quantos de nós e vós ficarão excluídos!
Voltarei ao assunto brevemente...
4 comentários:
Estou contigo! Curiosamente, hoje ouvi parte desse fórum na TSF - eu que nunca ouço rádio, a não ser para ouvir relatos da bola - e senti exactamente esse odor bafiento exalado pelos comentários das pessoas que defendem que o conceito é: FAMÍLIA = HOMEM + MULHER + FILHO(S). Pfff....
De manhã fartei-me de praguejar sozinha!!!!
Muitos dizem que hoje em dia se dá cada vez menos valor à família.. cada vez menos valor ao compromisso...
Eu penso que é o contrário, eu acho que cada vez se dá mais importância. Hoje dá-se valor a uma família que traduz o amor familiar, já não é apenas uma estrutura socio-económica, já não se baseia numa necessidade de sobrevivência, mas sim numa vontade de partilhar algo.
Se nos basearmos, como acontece frequentemente, nesta família que aqui citou, poucos vivemos já em famílias.
É incrível que tanto se especule acerca do casamento entre pessoas do mesmo sexo! O facto de o estado dar, finalmente, um sinal a estas famílias de como elas são tão cidadãos como todos os outros, não vai impedir que ninguém se case!
apenas vai permitir que mais pessoas usufruam de uma figura jurídica que legaliza a vivência de amor e partilha que caracteriza a família!
Afinal quem é que não valoriza a família? os tão apelidados "progressistas"? que apenas querem maior igualdade e que mais pessoas possam ver os seus direitos familiares efectivados? ou os tão chamados conservadores, que de tanto quererem proteger a família como meio de reprodução, não permitem o acesso a esta figura a pessoas que se amam?
Bem, de uma conversa entre assistentes sociais uma diz em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo: "qualquer dia também se legaliza a pedofilia, também se acha muito natural e normal" eu pergunto se realmente estamos tod@s esclarecidos acerca do que é o quê!?
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