3.1.10

pessimismo e optimismo

Nunca consegui definir o meu estado dominante enquanto pessimista ou optimista, porque tal depende mais do contexto a que se reporta tal sentimento do que propriamente do sujeito. Ultimamente tenho balançado entre a ideia de que tudo só pode correr muito melhor e a ideia de que ainda poderá estar para vir muito pior. Incerteza!
...pessimista...
Se qualquer crise pode significar ocasião e risco, esta crise (económica, social, cultural...) que se aprofunda traz-nos a ideia de que não conseguimos perceber a ocasião e nos afundámos no risco. Nos meus dias mais pessimistas, vejo que este país não promete um futuro aos seus cidadãos. Oiço sistematicamente a desilusão dos que investiram na sua formação e aos quais é negado um projecto de vida que lhes garanta autonomia.
Se a geração dos meus pais acreditou que o investimento na educação permitia ascender socialmente e ter outras oportunidades, a mensagem que estamos a dar às gerações mais novas pode representar o seu contrário. O que observamos diz-nos afinal que o mérito reside mais na estratégia da escalada fácil do que da escalada a custo.
...optimista/pessimista...
A história da humanidade sempre nos mostrou que fomos capazes de ultrapassar adversidades incríveis, e de pensar em formas alternativas de viver em sociedade. Acredito que nos reinventaremos criativamente. Ainda que saiba que há gerações que, nesse processo, foram sacrificadas. Será o nosso caso?
...optimista...
Um destes dias as pessoas acordam e lutam por uma sociedade em que a justiça social não seja uma utopia!
2010 pode vir a representar na história mais um ano ou um ano único. Só depende de nós!

5 comentários:

Croissant mordido disse...

Compartilho deste mesmo desconforto... Aqui em Portugal estudar não serve para muita coisa. Observo os amigos, sinto neles o constrangimento e a revolta. Alguns já desistiram e imigraram. Outros guardam resquícios de esperança.
Há que ter fé. Dizem que um homem ou uma mulher pode fazer a diferença. Mas Sebastião não voltará... Quem será que poderá trazer alguma esperança para este país?

el comunista disse...

Cara Amiga
Concordamos em parte com o seu texto,parece-nos que ele expressa uma profunda incerteza quanto ao futuro.
Assim,propomos-lhe que visite a "achispavermelha.blogspot.com" que analise nossos textos e as perspectivas que apontamos como saida,para a situação dos trabalhadores portugueses e neste caso concreto para si,no texto:"Os resultados eleitorais e a luta contra as politicas reacçionarias do II governo PS".
Esperamos que comente e nos dê a sua opinião.
Saudações
"A CHISPA!"

S Guadalupe disse...

Eu nem coloco a questão do ponto de vista politico-partidário, mas "meramente" político, enquanto opção!
Mas apesar de ter escrito poucas palavras na vertente optimista, estas merecem investimento e reforço. As soluções são sempre diversas. As vias estão quase todas em aberto.
Muitos já escreveram e falaram sobre este SENTIR. Preocupa-me o que oiço e observo.

Rui Santos disse...

Resistir, é palavra de Ordem.
Historicamente, Portugal e os seus pensadores, fazem esta paragem/reflexão do tempo e chegamos ás mesmas conclusões apresentadas por Si.
No entanto, a pergunta surge:
O que fazemos, individualmente, para mudar? E quando olhamos para o lado, será que respeitamos os outros?
Será utopia pedir: "venham mais cinco.."

Anónimo disse...

Curioso, ainda ontem com uns colegas de faculdade discutiamos este assunto... na nossa profissão tudo fazemos para acreditar que podemos fazer um pouquinho para mudar o mundo... e que se muitos fizerem então vamos lutar todos juntos para uma sociedade melhor...

mas às vezes parece que os nossos esforços não passam as "mézinhas": fazem um bocadinho de bem.. mas não muda nada

Concluimos que se algum dia pararmos, então aí será pior! pelo que o melhor é continuar, e incitar a que outros continuem connosco...