Recortes de uma história de vida pela voz de uma beneficiária do RSI
Em mais um dia em que o RSI esteve no centro das discussões político-partidárias, fica aqui um pequeno texto que uma colega me enviou para reflectir. Escreve a colega: "Já que recebes tantas críticas no teu blog sobre o RSI e muitas vezes até provenientes de colegas, tomo a liberdade de te enviar um relato de vida elaborado por uma beneficiária de RSI que acompanho. (...) É que, de facto, esta medida, por pouco que seja, faz a diferença!". Fica para vossa reflexão! Desde já agradeço à minha querida colega a amabilidade.
«Histórias de vida
1. A voz do beneficiárioChamo-me Angelina (nome fictício), tenho 33 anos, estou separada e vivo com os meus dois filhos. Sou natural da ilha do Pico e, por razões familiares, vim viver para o Continente, mais propriamente para (...), onde cheguei a 30 de Julho de 2007, com os meus filhos.
Logo, desde o princípio, a minha vida não foi fácil, pois não arranjava trabalho, porque só tinha a 4ª classe. Contudo, com o apoio de uma grande Mulher e amiga, que me deu conselhos e me orientou na vida, me falou das Novas oportunidades. De seguida fiz o 9º ano e, ao mesmo tempo a formação em Linguagem e Comunicação.
Em Outubro de 2008, realizei um sonho de cinco anos – coloquei a minha prótese dentária.
No dia 6 de Outubro de 2009 fui operada ao olho esquerdo e, em breve, se Deus quiser, serei operada novamente ao mesmo olho, para me corrigir a visão.
Trabalhei numa empresa de limpeza (...) de Janeiro a Setembro de 2008 e saí para trabalhar num restaurante. Aqui nunca me contrataram, nem fizeram o pagamento à segurança social.
No dia 2 de Agosto de 2009, assinei contrato com a APPACDM como trabalhadora auxiliar, trabalho esse de que gosto muito, porque trabalho ao pé de pessoas muito doces. Como o meu sonho é trabalhar com crianças ou bebés, este trabalho é quase um sonho tornado realidade.
Aos poucos vou conseguindo ter as minhas coisas; já tenho casa, um apartamento, para mim e para os meus filhotes e um gatito de estimação, o Kiko.
Hoje sou a pessoa que sou, positiva e confiante em mim mesma, graças aos meus filhotes e a uma grande Mulher e amiga, que tenho muito orgulho em dizer que é o meu anjo da guarda e dos meus filhos.
Gostaria de fazer uma formação específica para trabalhar com crianças.
A minha vida e dos meus filhos não tem sido fácil, nestes dois anos e meio, mas o três estamos a conseguir ultrapassar as dificuldades, com muita força de vontade e com a ajuda do nosso anjo da guarda.
Não trocaria esta nova vida de dois anos e meio, por nada deste mundo.»
Angelina
5 comentários:
Nós Assistentes Sociais temos a responsabilidade de passar à sociedade a verdade sobre o RSI, para de uma vez por todas acabar com o estigma existente.
O RSI está longe de ser uma prestação para grupos ou pessoas com caracteristicas homogeneas, os beneficiários têm uma única característica em comum, a condição económica frágil, em tudo o resto existe efectivamente uma heterogeneidade factual na sua situação, só como exemplo existem desde beneficiários analfabetos até licenciados.
É dificil explicar determinadas situações a sociedade, pois o sigilo profissional assim o exige e muito bem. No entanto podemos em abstracto contribuir para o fim deste estigma que foi motivado penso eu por uma franja de beneficiários que perduram nesta medida e com quem acredito ser dificil trabalhar e contruir/negociar um projecto de vida, mas, foi esta a profissão que escolhemos e somos responsáveis por definir estratégias encontrar alternativas no sentido de mudar o rumo de algumas familias com comportamentos desviantes e/ou de risco.
PARA CONCLUIR PARABÉNS A COLEGA POR APRESENTAR ESTE CASO, POIS É DOS CASOS DE SUCESSO E POSITIVOS QUE SE FAZ O CAMINHO.
Nós Assistentes Sociais temos a responsabilidade de passar à sociedade a verdade sobre o RSI, para de uma vez por todas acabar com o estigma existente.
O RSI está longe de ser uma prestação para grupos ou pessoas com caracteristicas homogeneas, os beneficiários têm uma única característica em comum, a condição económica frágil, em tudo o resto existe efectivamente uma heterogeneidade factual na sua situação, só como exemplo existem desde beneficiários analfabetos até licenciados.
É dificil explicar determinadas situações a sociedade, pois o sigilo profissional assim o exige e muito bem. No entanto podemos em abstracto contribuir para o fim deste estigma que foi motivado penso eu por uma franja de beneficiários que perduram nesta medida e com quem acredito ser dificil trabalhar e contruir/negociar um projecto de vida, mas, foi esta a profissão que escolhemos e somos responsáveis por definir estratégias encontrar alternativas no sentido de mudar o rumo de algumas familias com comportamentos desviantes e/ou de risco.
PARA CONCLUIR PARABÉNS A COLEGA POR APRESENTAR ESTE CASO, POIS É DOS CASOS DE SUCESSO E POSITIVOS QUE SE FAZ O CAMINHO.
Colega Veríssmo, para isso é preciso apresentar trabalhos. Estudar os dados e apresentá-los à comunidade em geral e publicá-los. Sim, os casos de sucesso fazem o caminho.É preciso dizer quantos são e da sua importância na comunidade onde estão. Por exemplo, apresentar a estimação do sucesso cálculado para o futuro e do insucesso calculado para o mesmo futuro se não houvesse esta medida.É preciso sistematizar os dados e analisá-los dando-lhes expressão de "capital social".
Afinal qual é o custo social da não intervenção.
Neste aspecto temos muito caminho a fazer e mudar de atitude científica. A árvore é importante mais fundamentalmente precisamos de lhe dar o seu lugar na floresta.
O resto é "prosa"...
Concordo com ambos.
Há casos paradigmáticos que valem mais de 1000, no entanto, é necessário sistematizar dados e divulgá-los em vários meios para que as conclusões cheguem às pessoas e às instâncias de poder.
Mãos à obra!
É o velho drama dos assistentes sociais...quantificar o seu trabalho e saber "marketinguizá-lo".
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