17.12.10

Geração "nem-nem" e os paradoxos da velha Europa: Bolonha para que te quero?

Nunca percebi um dos fundamentos do Processo de Bolonha que veio reduzir substancialmente (pelo menos nalguns países) o número de anos de permanência no ensino superior. É por demais evidente que a velha Europa não precisaria de um reforço no mercado de trabalho de pessoas com qualificações superiores. Porquê então reduzir o ciclo de formação superior a um máximo de 8 anos (para os 3 ciclos que habilitam para licenciatura, mestrado e doutoramento)? Confesso que nunca consegui perceber. Provavelmente até precisaríamos de reter mais anos os jovens no ensino, consolidando o seu conhecimento e apostando num reforço da sua qualificação, mas as decisões decorrentes de tal processo reformista parecem vir em contraciclo. Hoje não foi com surpresa que ouvi a referência à apelidada Geração "Nem-Nem", nem estudo nem trabalho. Que futuro se anuncia? O que nos podem dizer tais estatísticas (http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=484098)? Vejo apenas um promessa de vulnerabilidade social!

3 comentários:

Duarte disse...

Juntemos a isto a questão da liberização/flexibilização (como alguns hipocritamente lhe chamam)dos despedimentos (questão diferente da da flexibilização do mercado de trabalho) e temos a tendência para os próximos anos: aumento constante do desemprego; empobrecimento das relações laborais; degradação da própria estrutura societal (menos famílias compostas; menos filhos; aumento dos fenómenos de isolamento social; etc.) e por aí fora. Tudo isto levará a velha Europa de uma terceira para uma quarta (!) idade. Pensarão uns que será este o caminho para competir com os novos mundos económicos - os chamados BRICS e afins - mas ainda há pouco no debate Cavaco/Nobre, o primeiro defendeu que o problema não se resolve alterando a legislação laboral, nem se resolve com uma política assente em salários baixos (curioso ouvir estas palavras a quem as pronunciou...).

S Guadalupe disse...

E um dos problemas maiores (que hoje já vivemos)... tudo isto põe claramente em causa a DEMOCRACIA, se é que ainda podemos falar de democracia...

Duarte disse...

Pena também sermos a profissão dos silêncios...